com as costas já curvadas, os olhos pesados e os pés arrastados, deitei-me na cama ansiosa pelo sono. este não vinha, apesar do cansaço, por isso peguei n' O Mistério da Estrada de Sintra e, após página e meia, o livro adormeceu-me calma e discretamente.
um zumbido contínuo e próximo entrou de rompante no meu sonho e o meu corpo, imediatamente, retraiu-se. no entanto, o zumbido tornou-se tão constante e presente que materializou-se: dei por mim a abrir os olhos, a encolher-me e a enrolar-me nos lençóis com toda a força, com o medo daquele zzZZZzz que voava à minha volta, tal qual ave de rapina esfomeada e ansiosa. eu, que tinha pelo menos cem vezes mais o tamanho do mosquito, em vez de enfrentá-lo e persegui-lo, fui-me encolhendo cada vez mais e mergulhando, em apneia, nos lençóis, autênticas muralhas do meu castelo, enquanto o meu predador continuava a pairar e a zumbir em torno de mim, com toda a confiança insecta. fosse eu uma pastilha de ezzalo ou o insecticida Dum Dum, e era bem mais corajosa e vencedora nesta luta.
o estado de apneia e de retracção muscular da adrenalina não estava a ajudar-me a lidar com o meu inimigo mosquito, mas o meu cérebro ao fazer 1000 permutações por segundo, encontrou uma solução diplomática. criei uma Suíça neutra no meu quarto ao acender o candeeiro: mosquito hipnotizado e silencioso, inês a dormir... ZZZzzzzZZZZZzzzzZZZZZ
domingo, agosto 31, 2008
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