quinta-feira, março 03, 2011

.cromo repetido (tirado de um outro baú)

Encontrei este post num dos meus blogs e, apesar de já contar com pelo menos dois anos, o meu ritual do duche matinal permanece igual...


Torneiras Bipolares

Existe uma coisa que me faz sair da cama com maior rapidez: a visualização do meu duche matinal. Após proceder a este ritual, lá me arrasto para o chuveiro, ainda a saborear o chuveiro onírico dos lençóis da minha cama que teimam em me prender. Abro a torneira de modo a posicionar-se na temperatura que eu quero e mal essa temperatura é atingida, eu atiro-me de cabeça e corpo para o chuveiro, de modo a contemplar com cada célula da minha epiderme, a água e o calor que caem sobre mim.

De repente, a água fica gelada, fujo com o braço esquerdo, o braço direito quase fica roxo, num impulso, viro o manípulo para a posição de temperatura máxima, aproximo desta vez o braço esquerdo e este é surpreendido pela elevada temperatura. Nesta fase, tenho o braço direito roxo e hipotérmico e o braço esquerdo vermelho e às manchas com queimaduras de 3º grau.

Volto a tentar regular o manípulo para a temperatura ideal e mal é atingida...eu volto a imergir no banho com um sorriso estúpido de prazer, enquanto o champô massaja as minhas ideias e cabelo. Já de nariz virado para o chuveiro, enquanto o sorriso estúpido de prazer continua preso à minha face, a água, de repente, vem a escaldar. Nariz às manchas, lábios inchados da temperatura excessiva, cabelo ainda com a espuma do champô. Mudo a posição do regulador de temperatura, a água de imediato fica como pedras de gelo a cair sobre os dedos dos pés, que ficam roxos e presos...

Saio da banheira, exausta e com um braço queimado, outro hipotérmico, os lábios inchados, o nariz vermelho e às manchas, os dedos dos pés inertes e roxos e o cabelo colado com os vestígios do champô.

Há que regular estas torneiras bipolares, senão não há quem queira acordar!