sábado, novembro 24, 2007

.interruptor geometrico

Linhas rectas paralelas (não coincidentes) interceptam o pó das estrelas | Função: criação do sonho |

Formas isolaterais criam sistemas isolados de raciocínio.

Ângulos vários flexibilizam a rota segmentada entre a geometria das formas.


Interruptor cérebro/coração = Geometria Cerebral

quinta-feira, novembro 15, 2007

vizinhofobia!!!

Tiraram-me a identidade, hoje sei que eu já não sou a Inês. Sou o raio da vizinha do 4º esquerdo que toca piano.

Consciente da minha condição, o anterior estado de plenitude e de prazer enquanto estudava piano com afinco, transformou-se em pânico, suores frios, mãos trémulas e desarranjos intestinais.

Ocupo um espaço acústico altamente perturbador para o 3º esquerdo, que faz com que os seus ocupantes não consigam descansar, dormir e até viver com qualidade.

Eu, o raio da vizinha do 4º esquerdo que toca piano durante 2 horas ao fim da tarde, estou a mais nas orelhas do 3º esquerdo e nada posso fazer.

Vou continuar a tocar mergulhada no pânico, no suor frio, nas mãos trémulas, nos desarranjos intestinais, criando as condições terceiro-mundistas para os meus pobres vizinhos do 3º esquerdo que muito sofrem e padecem com a sua condição.

Num mundo ideal, imagino os meus vizinhos do 3º esquerdo a tocarem à minha porta com um bouquet de rosas a agradecer e a enaltecer a pianista que sou. Eu, corada e tímida, aceitaria as flores e agradecer-lhes-ía a amabilidade e o reconhecimento e retribuiria com o meu virtuosismo musical, que ainda não possuo, daqui a uns anos...

Alguém está a bater à minha porta... são eles... ouvem-me a teclar no computador e não conseguem concentrar-se no refogado...!!

terça-feira, setembro 18, 2007

.ponto

entre uma janela amarela e um balcão tosco, corriam à pressa olhares desentendidos e palavras silenciosas. a janela, pouco iluminada, era um ponto de fuga e todos os outros pontos fugiam deles mesmos.




explosão e implusão de pontos... de vista.

domingo, agosto 26, 2007

estorias.

Tive que deixar a mãe dos meus três filhos. Há muitos anos que me tenho traído para conseguir dar algum conforto a esta mulher. Sou um tipo às direitas, não consigo corromper-me, baixar o meu nível de decência, deixar os meus valores universais e a utopia, e, acima de tudo, não consigo mais viver fora de mim e, por isso, tive que deixar a mãe deles.
Os meus filhos não entendem o que se passa, olham-me com os seus pequenos e frágeis olhos com desdém, lembrando-me que eu falhei. São tão pequenos... Perdi o controlo, estou sózinho e sinto-me desprotegido e abandonado pelos ideiais e pela paixão de viver.
Gostaria que ao menos eles, os meus filhos, caminhassem comigo lado a lado. Assim, eu seria eterno e eles felizes.




Há três meses que não lhe vinham as regras. Sentia o seu corpo inchado, volumoso, corrompido pela paixão. Não sabia o que sentir, embora soubesse que devia estar feliz. Não sabia como era ou quem era o ser que trazia dentro dela, que dependia de si e que iria fazer dela o que ela nunca teve. Seguiram-se seis meses de dores, de noites mal passadas, de solidão, até que um dia o seu corpo a virou-se contra si própria, expelindo o ser que tinha alimentado, carregado durante nove meses. Era o fim e o seu corpo oferecia-lhe mais dor, para que um bébé que ela não sabia quem era ou como era, nascesse. Quando viu o seu bébé enrugado, feio, pequeno e frágil, pensou como poderia vir a gostar de uma coisa assim tão feia.

quinta-feira, junho 21, 2007

massa-melódica-espaço-continum

uma torneira aberta pingava. o aglomerado das gotículas formara uma massa contínua, ocupando o espaço que apenas essas pequenas partículas podiam ocupar.

(uma gota.

uma gotinha.

uma gota...)

uma torneira aberta pingava e a melodia que debitava era monótona e tranquila. os compassos eram ora cheios ora vazios e o tempo, incoerente, pulsava.

(uma gota.)

.fim