"venha, venha, chegue à frente... não, mais um bocadinho, pode ir para trás...! está bom"
desligo o motor irritada com os faróis secos do ressacado, que observam obsessivamente os meus gestos. estes, a ele ditam se vai amealhar mais uns trocados para o seu pão e água. pão e água esses, que sugam todas suas células e secam o seu espírito de desejo.
tal qual um cão de rua, a rodear um saco de lixo que ficou esquecido há 6 dias no beco mais podre da cidade e que espera por lá encontrar, ao menos um osso, um osso que ainda cheire a carne. aquele mesmo cão que provoca a sensação de repugnância e pena em simultâneo, mas que, inevitavelmente, enxotamos para bem longe.
e assim, eu desejo enxotá-lo para não cheirá-lo, para não olhá-lo, para esquecê-lo... e não dou uns trocados para o seu pão e água. e fujo com medo.
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