Não sei de nada nem de tudo um pouco. Sei que estou aqui sentada a escrever por que alguém (de quem eu gosto muito) pede por mais, aqui, no lugar de busca da minha terra do nunca.
Pensei que o melhor era escrever sobre a minha ausência de escrita.
Dissequei um pouco o meu corpo e senti o que o meu corpo sente, como se dele estivesse ausente, e, permiti-me por escassos instantes, observar-me de perto e de longe.
O que eu mais quero, é não sentir.
Desliguei-me automaticamente e, esfregando as mãos suadas na malha da ganga, o bater do coração ressoava rítmico e forte no espaço que tenho vindo a construir para o nada.
O nada confortável e pragmático, espaçoso e branco, luminoso e solitário que me deixa não sentir.
O nada tornou-se a minha recompensa e eu não quero abdicar dele hoje ou amanhã.
Escrever obriga-me a analisar, a sentir, a exercitar as emoções, a criar dinâmicas, a preencher os espaços, a explorar, a questionar........ Mas hoje ou amanhã, não sei escrever, não sei sentir, quero continuar em direcção ao meu ponto de fuga e evoluir aparalelamente do meu passado e, talvez quando já estiver cansada, sairei do nada com espaço para tudo.
"O peso de sentir. O peso de ter que sentir."
in Livro do Desassossego de Bernardo Soares
domingo, junho 15, 2008
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