sábado, abril 25, 2009

.estórias urbanas

sempre caminhou na rua com a carga do corpo na mala ruidosa, no asfalto negro de chumbo. apenas quando a luz era parca e crua, negra e funda, caminhava ouvindo apenas o ruído das rodas, que eram o chão da sua cabeça e o poço do seu pesar. a cabeça, coberta pelo boné roído pelo tempo, cabisbaixa e obesa de melancolia, seguia em frente, obrigando o corpo a imergir na negritude da cidade.

a luz ao longe nas casas altas e paralelipipédicas e o vento a zumbir a velha canção.

a cidade era a casa.


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