quarta-feira, outubro 15, 2008

.ficções urbanas

no canto a fumar estava aquele fulano... aquele que segue a corrente abstractoactivista. diz que em breve será criado um botão mental que fará com que todas as pessoas sejam capazes de ver o mundo de forma abstracta e que isso irá tornar as pessoas mais activistas a nível economico-sócio-cultural-bio-energético.

a meio da sala, creio que vi o óculinhos, aquele que está sempre com a cabeça caída e com o olhar no chão. esse, acho que é daquele movimento... o rústico-liberal-tribal. acredita que as comunidades devem ser recolectoras e que as metrópoles são a metáfora do subdesenvolvimento e da negação das origens. ele diz que ouve o coração da terra a bater e que pode reinventar o fogo, a roda e criar um loft numa gruta. enquanto isso, vive num prédio e anda sempre à rasca de dinheiro para gasolina.


à varanda, estava aquele casal de engenheiros que olhava com desdém para o abstractoactivista e para o do movimento rústico-liberal-tribal. afinal de contas eles estão formatados para gerar e conceber cenas e coisas que representam o apogeu do desenvolvimento científico-intelectual da sociedade actual, vivendo na realidade e oferecendo soluções nesse contexto. estão a planear ir ao cambodja.


no sofá, estava a vegetariana, com o olhar fixo nos rissóis de carne que estavam pousados na mesa em frente. o seu olhar de desejo afastava-se das suas palavras de ordem. disse mais de 20x que não é justo comer carne, porque os animais, estão à partida, numa posição inferior ao Ser Humano e que a palidez da sua cara era genética, já a Bisavó Carminho era assim.

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