cada uma com o seu puxo, daqueles que as mulheres da aldeia costumam usar, a andar de metro, no porto.
não paravam de ter aquela conversa típica de mundo pequeno, em que a vida dos seus filhos é o único tema que conseguem ter e, de preferência, provando que os seus filhos são os melhores do mundo e que vão muito bem na vida, graças a deus, recalcando os filhos das outras amigas, que vão bem, mas não chega a tanto! claro que o discurso moral não podia faltar, como se não houvessem telhados de vidro, discurso esse que as ruborizava e encandescia, tantas eram as vezes que abanavam a mão, como se de um leque se tratasse sempre que mencionavam isto ou aquilo...!
pequeninas, com as pernas a flutuar no metro, hipnotizaram a minha atenção, como se eu estivesse a ver um episódio da minha infância. nessa altura, vi muitas mulheres como aquelas. eram avós ou mães dos meus colegas da escola, mulheres essas que nasceram bem longe do Porto e que para cá vieram à procura de uma vida melhor. tive, inclusivé uma Professora Primária exactamente assim, com aquele puxo, aquela fisionomia e aquela fé católica cega, a D. Rosa, que olhava para mim de lado, porque eu era a filha do Sr Dr e não andava na catequese.
acho que uma vez, a D. Rosa, chamou os meus Pais, numa tentativa de espalhar a fé sobre o meu lar e salvar as nossas almas. o puxo, a fisionomia e o cheiro de beata não os convenceu. 1 ano mais tarde, a D. Rosa deixou de ser Professora lá na Escola. parece que eu e os meus Pais não tínhamos sido os únicos a sofrer a pressão evangelizadora da D. Rosa, Directora da minha Escola Primária, por sinal, pública. lembro-me como foi libertador ter que deixar de fingir que sabia rezar no início de cada aula.
foi um alívio sair do metro e deixar de ter aquelas figurinhas à minha frente, não sei porquê, isso fez-me voltar a sentir exactamente o mesmo que senti quando pude deixar de fingir na minha Escola.
quinta-feira, fevereiro 19, 2009
domingo, fevereiro 15, 2009
.eu queria ser mais Músico
Sempre pensei que, para ter um pensamento complexo, este deveria ser holístico, através da união das Artes, da Ciência e da Engenharia. Este espaço-continum permitiria a interacção entre os diversos campos do saber, resultando na possibilidade de me tornar numa pessoa capaz de absorver, analisar e compreender o mundo, o que, em todos os campos da minha vida e na minha interacção com o meu meio, iria reflectir-se positivamente, com certeza.
Em que é que o Tratado de Bolonha me impede de perseguir este meu objectivo pessoal?
As directrizes relativas aos métodos de avaliação universitária deste tratado, implicam um dispêndio de tempo e de energia contínuos ao longo de todo o ano lectivo, impedindo-me a mim e a outros estudantes universitários de conseguir cumprir outros objectivos pessoais, isolando-nos numa bolha académica disfarçada de competente, cumprindo os desígnios da standardização mental e intelectual dos estudantes europeus: hoje em dia, o que diferencia um estudante de Engenharia Mecânica de Portugal de um da Alemanha? A língua-mãe?
Eu estava a frequentar o 5º Grau de Piano e, apesar de ter iniciado o ano lectivo a todo o vapor, finalmente ía atingir este meu objectivo, a minha energia teve que ser absorvida pela quantidade de trabalho que a faculdade me impunha, não restando tempo algum para qualquer outro tipo de actividade e, embora me seja ensinado na faculdade que devemos procurar outros domínios do saber para que sejamos criativos e inovadores na nossa vida profissional, a própria faculdade é que nos retira essa possibilidade. Hoje em dia não posso ser exigente comigo própria, no que diz respeito ao estudo da Música, nem responder à exigência do estudo de piano mais rigoroso e exigente. Sobra-me uma possibilidade: estudar música de modo superficial, ideia que não me satisfaz e que coloca as Escolas, como o Curso de Música Silva Monteiro, desprovidas de alunos ou então preenchidas com alunos frustrados, professores frustrados, gerando desmotivação de ambos os lados do espelho e, no fim, despe-se a nossa já inculta sociedade de diversidade e de conhecimento, elementos estes, que poderiam até, alimentar a tão falada crise financeira de criatividade!
Universidades exigentes, sim, isso orgulha-me, mas o conceito de Universidade vem da junção de duas palavras: conhecimento universal.
Em que é que o Tratado de Bolonha me impede de perseguir este meu objectivo pessoal?
As directrizes relativas aos métodos de avaliação universitária deste tratado, implicam um dispêndio de tempo e de energia contínuos ao longo de todo o ano lectivo, impedindo-me a mim e a outros estudantes universitários de conseguir cumprir outros objectivos pessoais, isolando-nos numa bolha académica disfarçada de competente, cumprindo os desígnios da standardização mental e intelectual dos estudantes europeus: hoje em dia, o que diferencia um estudante de Engenharia Mecânica de Portugal de um da Alemanha? A língua-mãe?
Eu estava a frequentar o 5º Grau de Piano e, apesar de ter iniciado o ano lectivo a todo o vapor, finalmente ía atingir este meu objectivo, a minha energia teve que ser absorvida pela quantidade de trabalho que a faculdade me impunha, não restando tempo algum para qualquer outro tipo de actividade e, embora me seja ensinado na faculdade que devemos procurar outros domínios do saber para que sejamos criativos e inovadores na nossa vida profissional, a própria faculdade é que nos retira essa possibilidade. Hoje em dia não posso ser exigente comigo própria, no que diz respeito ao estudo da Música, nem responder à exigência do estudo de piano mais rigoroso e exigente. Sobra-me uma possibilidade: estudar música de modo superficial, ideia que não me satisfaz e que coloca as Escolas, como o Curso de Música Silva Monteiro, desprovidas de alunos ou então preenchidas com alunos frustrados, professores frustrados, gerando desmotivação de ambos os lados do espelho e, no fim, despe-se a nossa já inculta sociedade de diversidade e de conhecimento, elementos estes, que poderiam até, alimentar a tão falada crise financeira de criatividade!
Universidades exigentes, sim, isso orgulha-me, mas o conceito de Universidade vem da junção de duas palavras: conhecimento universal.
quarta-feira, fevereiro 11, 2009
.moving cause
pois é... não acredito na geração espontânea, mas por vezes há projectos que surgem quase de repente e que entram pelas retinas e espalham-se até ao tecido muscular cardíaco.
foi a sara quem me levou a este projecto, agora uma Associação: Moving Cause, que vai também entrar pelas vossas retinas e chegar ao vosso tecido muscular cardíaco, pois vamos promover e difundir projectos de empreendedorismo social e o intercâmbio e a cooperação para o desenvolvimento no âmbito da ciência, da cultura e da tecnologia.
a primeira pedra já foi lançada: bonecas de ataúro. na ilha de ataúro, situada em frente a Díli, isolada e distante, existe uma comunidade. com o objectivo de valorizar e de promover essa mesma comunidade, foi criado o projecto das bonecas de ataúro, mas estando a ilha isolada e distante, como conseguir esse objectivo? depois de muitas horas de trabalho e de contactos, a sara conseguiu trazer as bonecas, que estiveram na Concepta, para divulgar este projecto e para gerar um retorno económico, proveniente da venda das bonecas, revertendo-o a favor da comunidade. o 2º passo será ir até ataúro ensinar as mulheres um pouco de tecnologia e rudimentos de gestão, aproximando ataúro de todos nós (porque não comprar uma boneca online? etc...).
no entanto este é apenas o 1º projecto! mais estarão para vir... e a Moving Cause espera ter sugestões vossas e... já agora... porque não comprarem uma boneca, ahn?
foi a sara quem me levou a este projecto, agora uma Associação: Moving Cause, que vai também entrar pelas vossas retinas e chegar ao vosso tecido muscular cardíaco, pois vamos promover e difundir projectos de empreendedorismo social e o intercâmbio e a cooperação para o desenvolvimento no âmbito da ciência, da cultura e da tecnologia.
a primeira pedra já foi lançada: bonecas de ataúro. na ilha de ataúro, situada em frente a Díli, isolada e distante, existe uma comunidade. com o objectivo de valorizar e de promover essa mesma comunidade, foi criado o projecto das bonecas de ataúro, mas estando a ilha isolada e distante, como conseguir esse objectivo? depois de muitas horas de trabalho e de contactos, a sara conseguiu trazer as bonecas, que estiveram na Concepta, para divulgar este projecto e para gerar um retorno económico, proveniente da venda das bonecas, revertendo-o a favor da comunidade. o 2º passo será ir até ataúro ensinar as mulheres um pouco de tecnologia e rudimentos de gestão, aproximando ataúro de todos nós (porque não comprar uma boneca online? etc...).
no entanto este é apenas o 1º projecto! mais estarão para vir... e a Moving Cause espera ter sugestões vossas e... já agora... porque não comprarem uma boneca, ahn?
terça-feira, fevereiro 10, 2009
.quero acreditar na astrologia
há dias que parecem ser o resultado do bom alinhamento astrológico e dos chakras e mais não sei o quê. hoje apetece-me acreditar em tudo isso e sentir a espiritualidade do irracional.
viajar noutro sentido, para encontrar a direcção, seguindo os movimentos opostos sentidos pela resistência. tocar uma melodia por cima da sinfonia ruidosa e sentir a tensão harmónica a descontrair. viajar, viajar, viajar! é isso...
viajar noutro sentido, para encontrar a direcção, seguindo os movimentos opostos sentidos pela resistência. tocar uma melodia por cima da sinfonia ruidosa e sentir a tensão harmónica a descontrair. viajar, viajar, viajar! é isso...
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
.comboio
Eram 21h30 da noite em Lisboa e as minhas olheiras carregavam-me até ao comboio. Estas, tinham a convicção de que nas próximas 3horas iriam desaparecer, embaladas pelo ritmo ferroviário.
Ao entrar na minha carruagem eis que vislumbro índios urbanos com as hormonas adolescentes a vibrarem e a expressarem-se a todo o vapor. Não tive remédio senão sentar-me no meu lugar e enfiar o queixo para fora de neura.
Tentei distrair os meus ouvidos com os olhos, lendo compulsivamente um livro que me adormeceu e quando acordei, começou o espectáculo...
- C'a cena, este combóio naum ánda, isto é uma simulaçon... Nós ainda estámos em Sánta Apolónia, naum pensem que estámos a andar! O que nós estámos a bêr são écrãs plasma, cortinas berdes para lembrar a natureza e colunas chinesas!! Paaaashhh!! Estou aqui a perder 3 horas da minha bida numa simulaçon... O que bale é que no fim a REFER bai dizer aqui nos altifalántes que nos bai oferecer uma estadia aqui em lisboua e que temos pastéis de nata grátis no Castelo de S. Jorge, porque lá eles nascem no chão!!
Toda a carruagem ria, chorava a rir, contorcia-se no lugar de dores provenientes do riso compulsivo... E ainda disse mais...:
- ólha os chineses a colarem o cenário... a mudar a plaquinha que dizia Santa Apolónia para Coimbra... ólha que bem que eles colam as luzinhas, jasuuuus...!
Velhinhas a esconder o riso, eu com espasmos de dor a tentar conter aquela gargalhada estridente, os amigos a puxar por ele (não que ele precisasse)...:
- Paaashhh, e qual foi a 1ª frase que eu ouvi de um lisboeta...? Fuooogo! Perguntei onde ficava o parque das nações e o gaijo respondeu-me (a falar com sotaque lisboeta) "Segue em frente cerca de 200m, chega à rotunda e vira 270º à sua direita, segue uns 150m em frente e vira 90º à sua direita..." Fuooogo, o gaijo só podia ser matemático!! Imagina se eu tivesse perguntado o caminho até ao Algarbe!?!!
Já estavam duas carruagens a soltar gargalhadas bem dispostas... e de repente, como quem não quer a coisa, o combóio chegou de facto ao porto e o meu sorriso carregou-me até à minha mãe que me foi buscar à estação.
Devia ter um personagem destes sempre ao meu lado para prevenir os momentos em que as olheiras me carregam o corpo e a disposição... Alguém sabe onde é que posso encontrar um?
Ao entrar na minha carruagem eis que vislumbro índios urbanos com as hormonas adolescentes a vibrarem e a expressarem-se a todo o vapor. Não tive remédio senão sentar-me no meu lugar e enfiar o queixo para fora de neura.
Tentei distrair os meus ouvidos com os olhos, lendo compulsivamente um livro que me adormeceu e quando acordei, começou o espectáculo...
- C'a cena, este combóio naum ánda, isto é uma simulaçon... Nós ainda estámos em Sánta Apolónia, naum pensem que estámos a andar! O que nós estámos a bêr são écrãs plasma, cortinas berdes para lembrar a natureza e colunas chinesas!! Paaaashhh!! Estou aqui a perder 3 horas da minha bida numa simulaçon... O que bale é que no fim a REFER bai dizer aqui nos altifalántes que nos bai oferecer uma estadia aqui em lisboua e que temos pastéis de nata grátis no Castelo de S. Jorge, porque lá eles nascem no chão!!
Toda a carruagem ria, chorava a rir, contorcia-se no lugar de dores provenientes do riso compulsivo... E ainda disse mais...:
- ólha os chineses a colarem o cenário... a mudar a plaquinha que dizia Santa Apolónia para Coimbra... ólha que bem que eles colam as luzinhas, jasuuuus...!
Velhinhas a esconder o riso, eu com espasmos de dor a tentar conter aquela gargalhada estridente, os amigos a puxar por ele (não que ele precisasse)...:
- Paaashhh, e qual foi a 1ª frase que eu ouvi de um lisboeta...? Fuooogo! Perguntei onde ficava o parque das nações e o gaijo respondeu-me (a falar com sotaque lisboeta) "Segue em frente cerca de 200m, chega à rotunda e vira 270º à sua direita, segue uns 150m em frente e vira 90º à sua direita..." Fuooogo, o gaijo só podia ser matemático!! Imagina se eu tivesse perguntado o caminho até ao Algarbe!?!!
Já estavam duas carruagens a soltar gargalhadas bem dispostas... e de repente, como quem não quer a coisa, o combóio chegou de facto ao porto e o meu sorriso carregou-me até à minha mãe que me foi buscar à estação.
Devia ter um personagem destes sempre ao meu lado para prevenir os momentos em que as olheiras me carregam o corpo e a disposição... Alguém sabe onde é que posso encontrar um?
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