Sempre pensei que, para ter um pensamento complexo, este deveria ser holístico, através da união das Artes, da Ciência e da Engenharia. Este espaço-continum permitiria a interacção entre os diversos campos do saber, resultando na possibilidade de me tornar numa pessoa capaz de absorver, analisar e compreender o mundo, o que, em todos os campos da minha vida e na minha interacção com o meu meio, iria reflectir-se positivamente, com certeza.
Em que é que o Tratado de Bolonha me impede de perseguir este meu objectivo pessoal?
As directrizes relativas aos métodos de avaliação universitária deste tratado, implicam um dispêndio de tempo e de energia contínuos ao longo de todo o ano lectivo, impedindo-me a mim e a outros estudantes universitários de conseguir cumprir outros objectivos pessoais, isolando-nos numa bolha académica disfarçada de competente, cumprindo os desígnios da standardização mental e intelectual dos estudantes europeus: hoje em dia, o que diferencia um estudante de Engenharia Mecânica de Portugal de um da Alemanha? A língua-mãe?
Eu estava a frequentar o 5º Grau de Piano e, apesar de ter iniciado o ano lectivo a todo o vapor, finalmente ía atingir este meu objectivo, a minha energia teve que ser absorvida pela quantidade de trabalho que a faculdade me impunha, não restando tempo algum para qualquer outro tipo de actividade e, embora me seja ensinado na faculdade que devemos procurar outros domínios do saber para que sejamos criativos e inovadores na nossa vida profissional, a própria faculdade é que nos retira essa possibilidade. Hoje em dia não posso ser exigente comigo própria, no que diz respeito ao estudo da Música, nem responder à exigência do estudo de piano mais rigoroso e exigente. Sobra-me uma possibilidade: estudar música de modo superficial, ideia que não me satisfaz e que coloca as Escolas, como o Curso de Música Silva Monteiro, desprovidas de alunos ou então preenchidas com alunos frustrados, professores frustrados, gerando desmotivação de ambos os lados do espelho e, no fim, despe-se a nossa já inculta sociedade de diversidade e de conhecimento, elementos estes, que poderiam até, alimentar a tão falada crise financeira de criatividade!
Universidades exigentes, sim, isso orgulha-me, mas o conceito de Universidade vem da junção de duas palavras: conhecimento universal.
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