terça-feira, novembro 15, 2005

dizer faz a língua travar...

Three Swedish switched witches watch three Swiss Swatch watch switches.
Which Swedish switched witch watch which Swiss Swatch watch switch?

segunda-feira, novembro 14, 2005

em cima do pavimento

Tudo estava parado ao ritmo de uma melodia pausada.
Não havia frio nem calor.
Os passos seguiam a sincronização da envolvência.

A sombra moldava o o cimento e as folhas vermelhas coloriam.

Geometria etérea da paisagem.

Espaço complexo do estado de alma.



Eterno presente.

segunda-feira, outubro 31, 2005

hoje acordei com vontade de dormir.

o Metro do Porto é uma benção

Agradeço à normetro por ter acordado às 7h da manhã para apanhar um metro que não veio e assim ter perdido mais um dia de aulas, dado que esta ocorrência não é 1 caso isolado!

quarta-feira, outubro 19, 2005

da pedra cantava...

Cantava com uma voz límpida os sons do fundo. Dizia que era cego e que só via o que ninguém vê.

Sentava-se todos os dias no largo da aldeia em cima da mesma pedra cantando e fotografando o espírito de cada momento. Os seus amigos, de lá da terra, diziam que ele não foi sempre assim, que já foi como eles, mas alguém o almadiçoou e a partir daí deixou a sua casa, deixou o seu trabalho na lavoura, deixou as suas terras e passou a dormir à porta da igreja. Dizem que assim ele devia sentir-se mais protegido por Deus. Explicaram também, que por ter deixado tudo, Deus o recompensou e tornou-o santo.

-Ninguém no mundo canta como ele e cá na aldeia já ninguém passa sem o seu canto.

Um dia a aldeia não acordou com a alvorada. A pedra do largo estava fria. Sentia-se um calor de trovoada. No céu formavam-se nuvens densas e escuras e, num ápice, descarregaram toda a sua força celeste. Nada restou.


Ouve-se todos os dias um canto límpido dos sons do fundo e vem de uma pedra: "Eu sou um homem cego, mas vejo o que ninguém vê."

terça-feira, outubro 18, 2005

as coisas simples

Sempre contaste as estrelas baixinho e lentamente. Dizes que assim adormeces e sonhas mais perto do infinito.
Às vezes cantas para elas, pois gostas de cuidar desse cantinho que te aquece.

Perguntei-te como fazias quando o céu estava encoberto e tu explicaste, com um sorriso, as coisas simples.

domingo, outubro 16, 2005

1 pensamento

Sentou-se na cerca timidamente aquecida pelo sol. Há 7 anos que o Sr Francisco observava o vento a soprar e a arrastar a sua terra. Na noite anterior tinham morrido mais 3 das suas ovelhas, não por fome, pois isso ainda se conseguia enganar, mas porque os pulmões das suas ovelhas já não suportavam o pó que pairava no ar ao fim de tantos anos de seca.

Acendeu um cigarro para enganar o pensamento, mas os seus olhos brilhantes não desviavam a sua atenção do céu. A única nuvem que o rodeava, era a nuvem de fumo do seu cigarro.

Tirou o seu velho boné da cabeça num sinal de clemência e como se de uma prece se tratasse, colocou a harmónica nos lábios gretados e soprou contra o vento as suas palavras. Quando as suas palavras se esgotaram, já era de noite. Não sentiu vontade de ir para casa preferiu sentir o calor da terra seca, deitando-se nela. A terra que era ele, em pó caminhou disperso no ar, para onde não se sabe.

Na manhã seguinte choveu.

segunda-feira, outubro 10, 2005

sentimentos 1000


Mais de metade do meu cérebro gasta a sua actividade a pensar numa só coisa. Caí de repente, numa panóplia de sentimentos um pouco lamechas, um pouco banais...
Dou por mim a criar rugas de expressão novas, pois descobri em mim mais de 1000 formas de sentir o mesmo e a minha face tem explorado novos músculos ao mesmo tempo que o meu cérebro cinzento e pesado processa todas essas sensações.

E assim me deixo tecer, sussurando-te em silêncio aquilo que tu me consegues dizer.


É o suave desembarque no cais do coração...




Para ti F.

Cliché institucional do ensino

Come um doce...

O silêncio compra-se com o açucar.


Reivindica!!

Mas não penses que consegues...


Cala-te e paga!

Canteiro minado à beira mar plantado

O país está a morrer... Está morrer porque os seus valores estão em decomposição, porque as suas instituições são serventia de cunhas, porque o povo vota em candidatos corruptos e criminosos para a sua autarquia...

Não me reconheço neste país armadilhado!

quinta-feira, setembro 22, 2005

Aprendi com o Diabo

"-Se o mundo é acção, como é que o sonho faz pertencer ao mundo?
-É que o sonho, minha senhora, é uma acção que se tornou ideia; e que por isso conserva a força do mundo e lhe repudia a matéria, que é o estar no espaço. Não é verdade que somos livres no sonho?
-Sim, mas é triste o acordar...
-O bom sonhador não acorda, eu nunca acordei."



in A Hora do Diabo de Fernando Pessoa

a tempestade...

O meu cérebro questionou-se acerca da sua própria presença. Ele respondeu a si próprio... E as suas células cinzentas quiseram desorganizar-se de modo a desviciar a sua própria resposta!

Cérebro pensa:"tenho que ser imparcial e isento!"....

End if....





Produzido por Katrina Cerebral

domingo, setembro 18, 2005

Comboio Sentimental



O comboio sentimental parou na estação da razão,
Ninguém saiu ou entrou.

Continuou viagem rumo à aventura, Mas a velocidade era tanta
Que quase caiu no abismo.


Travou a fundo e mudou de rota.

Para a imaginação seguiu.

Nunca o comboio sentimental tinha viajado por tantas cores...
Mas perdeu-se!


Procurou a bússola e encontrou o norte dos sentidos.

A todo o vapor subiu.
Ouvia-se um estranho pulsar e devagarinho lá teve que travar.

Estava na última estação!

Alegres sairam os passageiros no cais do coração.

segunda-feira, setembro 12, 2005

estava a ler fernando pessoa...!

Um dia enterrei-me no silêncio e ouvi todas as cores.

Pensei que era fácil a ausência do ruído, mas o corpo mirrou.

Tenho todos os dias os mesmos sonhos, rio com menos vontade, quase não choro... Sinto que não sinto. Eu tenho um novo corpo!

Dizem que é a metamorfose do crescer... E que a calma é boa... Mas sinto-me apática e em constante ataraxia!

É o paradoxo do sentir.

Ainda não sou eu...!

quarta-feira, agosto 31, 2005

fantasia como aprendizagem


É possível aprender e integrar o mundo sem fantasia?


Ontem fui ao cinema ver o novo filme do Tim Burton: Charlie e a Fábrica de Chocolate, cujo ingrediente principal é a fantasia...! O filme era um conto de fadas e todos os cenários, personagens e estrutura, tinham como objectivo dar uma lição de vida: a importância dos afectos da nossa família.

Durante todo o filme permaneci de olhos bem abertos e tal como em criança, ri-me das trapalhadas infantis e vivi todo aquele fantástico com uma grande intensidade... Saí do cinema a pensar...: "foi assim que eu aprendi!".


Agora questiono-me: como é que será crescer num ambiente onde a fantasia não tem lugar e qual a interacção e aprendizagem do meio? Creio que num cenário destes é anulada a criança e, posteriormente, o adulto... É possível induzir fantasia a um adulto resultante de uma não criança? Ou é irreversível?

Será que enquanto adultos o espaço para a fantasia também tem que existir? Será que a sociedade permite a existência desse espaço?


Eu encontrei a minha solução. E vocês?

terça-feira, agosto 30, 2005

deserto de emoções....!

Após o fogo só restam pedras na terra... As árvores são uma miragem deste deserto negro.

Não há vida...!

Tenho a certeza que a natureza vai lutar contra este cenário e que se irá ver fetos a brotar da terra esquelética, árvores minúsculas a romper do solo, animais a colonizarem de novo... Não tenho a certeza que nós, donos desta terra, deste rectangulo negro, tenhamos a vontade de criar vida, contrariando o nosso próprio impulso biológico.

Sinto que o povo português sente vontade de se deixar levar por toda esta destruição, cuja consequência foram os fogos, por andar à procura de quem é, quem ou o quê anda a impedir a nossa auto-confiança...! E não creio que seja o vírus do fado, o vírus da saudade ou o atavismo. É algo mais camuflado e que virá de tempos remotos da formação da identidade como povo...! Algo colocou o dedo na ferida deste povo e em vez de ser um motor para dinamizar, criar, empreender (somos o povo dos navegantes...!!!), tornou-se num amargo veneno de acção lenta e sistémica!

A desesperança é o que todos nós sentimos e creio que todos nós temos o corpo pesado por sentir plena impotência (porque é que acreditamos nisto...?).

Não fomos nós o povo que deu a independência a Timor, que fez vigílias sucessivas, manifestações, que se vestiu de branco...? E porque é que somos o povo que não quer salvar o seu próprio país...? Porque é que nos convencemos que o poder não está em nós, mas em entidades engravatadas, eloquentes, maquilihadas no ecran que não é a realidade, mas apenas aquela que lá está...! Haverá mordaças...? Haverá censura...? Haverá assim tanta ignorância...?

Parece que estamos a sofrer de inércisite crónica.... O País encontra-se à beira do suícidio e não vejo braços no ar, gritos, palavras de amargura para quem deixa o veneno actuar.

Que raios, ainda vem aí o V Império e falta cumprir-se Portugal...!!!

....?

Lembro-me bem...
Tinha 6 anos e acordei a meio da noite a chorar compulsivamente. Corri para o quarto dos meus pais, mas quando cheguei à porta, não entrei, pois ouvi o respirar deles, característico de quem dormia profundamente, e não tive coragem para interromper o seu sono.

Voltei lentamente para o meu quarto sempre na esperança de que os meus pais me ouvissem no silêncio e me retirassem aquela angustia...

Assim que me sentei na cama, repeti baxinho: "não quero crescer, não quero crescer, não quero crescer..." com as lágrimas as escorrerem-me da face e o tronco a balançar.




Se eu tivesse batido à porta do quarto dos meus pais...?