segunda-feira, dezembro 29, 2008

.acho que é melhor mudar de fechadura

"Casa roubada, trancas à porta"

Era o que ecoava na cabeça da Sra D. Estefânia, que vivia há mais de 45 anos naquela casa e coisa como esta nunca tinha acontecido.

Tinha perdido o seu marido há 6 meses e tentava pensar no que ele lhe diria numa situação destas, para distrair a sua vulnerabilidade, mas estava encandeada e a sua cabeça rodopiava velozmente à procura de um sentimento tranquilo, de um lugar familiar, de força... mas as pernas ficaram moles, o peito apertou, os olhos fecharam-se e a Sra D. Estefânia caiu ao chão e mergulhou num sonho quente e profundo.

A vizinha de baixo ouviu um estrondo vindo de cima e foi a correr afogueada pelas escadas acima, para ver o que tinha acontecido. Bateu com toda a força à porta da Sra D. Estefânia, a porta não se abria, o coração a 1000, a adrenalina a 200 fê-la bater com tanta força que abriu a porta e deparou-se com a Sra estendida no chão, com um sorriso incandescente. Tentou acordá-la, mas não conseguiu, chamou a ambulância e disseram: "Ela está a dormir....." E a vizinha disse: "Já não a via com este sorriso, desde que o seu marido morreu. Ela bem dizia, quando ficou viúva, que o marido tinha-lhe roubado o coração e que precisava de o trancar!"

sábado, dezembro 27, 2008

.Thanks a Latte

Every day I would wake up around 6.30am. I would be wearing a t-shirt though the thermometers outside would register 14F or even less.

Warmed by the heating of a super powerfull nation's energy, I would wear my warm clothes just before I'd leave home for another day in the lab.

If the wind was still I would go by foot to the lab, running away from the thin layers of ice that dangerously spoted the sidewalks. I would be listening to Sérgio Godinho in my ipod and thinking in the bunch of robotic lab work that I would have to accomplish that day(run markers in the families A619 and CI7, if the PCR's aren't working, I'll have to check the water, that's probably my problem in these last days........).

Mechanically walking I would arrive to the lab that had a tropical environment due to a problem in the lab heating and right after I announced my arrival I would go to Espresso Royale, in the SW corner of Goodwin with Lincoln to have a Tchai Latte.

Right after paying I would be waiting for that corny phrase of the barist: Hey, have a nice day and... Thanks a latte...!

domingo, dezembro 21, 2008

.linha dos sentidos?

PUM!

rugiu no miendro do canal auditivo e, ao chegar ao espaço, propagou-se sob duas formas anti-paralelas: expansão/contracção.

seguindo o caminho da memória, ambas fazem sentido coexistirem, mas é essa dualidade que impede a formulação da solução certa.

vai-se riscando e apagando no caderno todas as tentativas de resolução, quando se chegar à solução, haverão outras memórias, memórias essas que serão densas e menos caducas.


Fecho os olhos enquanto olho para a velocidade da paisagem e quando os sentidos se encontram, o meu coração viaja à velocidade da luz por todos os pontos do Universo que já visitei. Revisitar as estações de onde já parti, sem andar para a frente no tempo, indica o reflexo do que sou, hoje, aqui, e o que, em potencial serei amanhã, ali.
Já ouvi dizer... É simples!

quarta-feira, dezembro 17, 2008

.e quando tudo parecia arder

dores suadas e dormentes bloqueavam o cérebro, desfasadas do espaço que rodeava o corpo doente, frustrado e inerte, que recebendo estímulos tecnológicos virais com teclas, botões e comandos que não comandavam, comandava as sinapses nervosas a tremer e a conduzir o vírus lacrimal ao seu porto. de repente tudo estava em chamas e mais uma vez teria que colher cinzas e, mais uma vez, não tinha espaço, tempo para fazer renascer a fénix tecnológica, autoritária emergir.

a solução era congelar a adrenalina, ligar o modo segurança e esperar, congeminando metodicamente todas as probabilidades de solução.....a processar.....a processar.....

e quando pensava eu que era um sistema isolado e por isso sem impacto no meu meio envolvente, é-me trazida, numa caixa, a solução e, apenas alguns minutos depois, veio até mim mais um remédio miraculoso.

quando tudo parecia arder, vieram os extintores, afogaram as chamas e cinzas, nem vê-las.

apaguei os vírus e sorri com muita força.

obrigada...:)

sexta-feira, dezembro 12, 2008

.a lista banal

o dia espera de mim mais uma epopeia de produtividade e emoções e, com o corpo cansado, os olhos semi-cerrados, a cabeça em hibernação, algo irá agir por mim e corresponder às expectativas de mais um dia, enquanto que eu finjo que descanso. prefiro acreditar que estou a repousar, de mansinho, na ondulação do dia, contrariando a sua ditadura mecânica e cerebral, mas sei que rompendo o limite da minha plasticidade, a minha imaginação volatiliza-se e direcciona-se para o engenho e o trabalho quadrado, geométrico e infinito.

e com isto crio uma lista de saudades banais: estar parada, ouvir, apenas, música, falar das coisas importantes, vêr um muito bom filme, dormir, sentar-me no sofá, contemplar, achar que o tempo dá para tudo, desligar a geometria d cérebro, pensar em cores...

pego na borracha e apago a lista. sei que amanhã ainda a saberei.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

.frio

é mais um dia. frio nos ossos, na pele, no sangue. sempre, sempre frio na côr, na janela, na roupa. e sempre com frio seguem dias e dias e dias com noites longas.

é mais um dia. frio na almofada, no banho quente, na comida. sempre, sempre frio na boca, nos minutos, no pensamento. e sempre com frio seguem os dias de noites longas.

é mais um dia. frio no sonho, na mesinha de cabeceira, na lareira acesa. sempre, sempre frio na ponta dos dedos, nas palavras, no presente. e sempre com frio seguem as noites longas destes dias.

é mais um dia. frio. sempre, sempre frio. e sempre com frio, segue.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

.a crise afecta tudo...!

- Hoje acordei e já não podia dos ossos. Já marquei consulta na caixa, porque se a humidade continua a moer-me os ossos desta maneira, chega o Natal e nem descascar batatas para o bacalhau vou conseguir.
- Ui, tu nem me fales dos ossos, tenho os bicos de papagaio a dar-me conta do juízo. Hoje, nem o almoço consegui botar ao lume, tive que pedir à minha sandrinha que fizesse um arrozinho branco com franguinho assado, que saiu insosso, vê lá...
- Lá em casa não posso ter folga... Se alguma vez eu não puder fazer o almoço, vai toda a gente almoçar fora, de certeza!
- Pois é filha, mas com a crise... Temos que ter mão curta nas despesas...!
- Lá nisso tens razão, mas felizmente lá em casa a crise bateu pouco à porta e ainda nos vamos governando mais ou menos, mas já não compro um bom salmonete, vê lá que está para mais de 15€ o Kg, há uns tempos, isto é uma pouca vergonha!
- Tu nem me fales... É mais crise de estômago do que de finanças!

quinta-feira, dezembro 04, 2008

.SELECT_DELETE_AAH!!

SELECT loucura, irritacao, vício
FROM Trabalho_Emocao
WHERE loucura = (SELECT MAX(loucura) FROM Trabalho_Emocao)
AND irritacao = (SELECT MAX(irritacao) FROM Trabalho_Emocao)
AND vício = (SELECT MAX(vício) FROM Trabalho_Emocao);

RUN (ai, ai, ai.....)

PLIM (aparece janela): MAX (loucura) not measurable, the program may collapse!
PLIIM (aparece janela outra vez): MAX(vício) it's bad for you, you should consider psychological counseling.

DELETE frases_irritantes, clichés
FROM natureza_condescendente ;


RUN command..............................................................................................................................................

Ah.... o silêncio....!!!

terça-feira, dezembro 02, 2008

.natureza imutável

todos os dias esperava pela chegada do meu pai a casa. com ele vinha a fantasia, o teatro, a brincadeira e o abrir da mente. criei o hábito de o ouvir ler mitologia grega de forma tão expressiva, que eu, pequenina, imaginava o olimpo, os deuses e os humanos daquela época com um grau de realismo tão intenso que me fez pensar, quando fui à Acrópole em Atenas, que eu já lá tinha estado...

não sabia, na altura, porque é que aquelas histórias que me fascinavam tanto, também fascinavam o meu pai, mas agora que me lembro delas vejo que afinal aquela fantasia, aquele teatro e aqueles enredos não são assim tão olímpicos, mas sim bem terrenos, facto que me faz pensar que o meu pai sabia que, deste modo, me estava a ensinar a perceber o mundo, pois a natureza do ser humano, essa, é imutável.

"Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam."
in Segue o Teu Destino, Ricardo Reis

segunda-feira, dezembro 01, 2008

.diálogo ecológico

enfim, os olhos ressacados de trabalho, a cabeça a bombar emoções e produtividade e o corpo a retrair-se do tempo ao mesmo tempo que a mente o expande.

de agora em diante, só as onomatopeias fazem sentido na verbalização, porque as palavras, essas, não servem para comunicar.

- gostas de ver o bruno nogueira a imitar a luciana abreu?
- hmm... mmm,mmm!!

e assim espelho as minhas intenções, de modo ruidoso e energeticamente eficiente e atrevo-me a dizer, assim com toda a displicência, que é uma comunicação bem amiga do ambiente, ouvi dizer que os tipos da Greenpeace não falam de outra maneira, não vá a formiga branca autóctone do Burnay desaparecer......