quarta-feira, junho 17, 2009

.Bach

Estava com a cabeça mergulhada em conceitos e para criar algo de intangível nesses conceitos, escolhi uma banda sonora que sabia que ía tornar o esforço mais leve.

Mergulhei novamente a cabeça, mas desta vez ao som da música que escolhi e gelei quando ouvi a faixa número 12.

sexta-feira, junho 12, 2009

.copy paste

Andar a navegar na blogosfera tem destas coisas... Encontram-se fotocópias de fotocópias sentimentais.

Fui ver o blog do by neca e encontrei por lá este post da leonor:

"Os blogs são umas putas. Todos os meus ex's, e quando digo ex's não falo apenas de namorados, falo do geral, relações simplesmente falhadas, por uma razão ou outra tiveram conhecimento da existência do blog. Ora eles chegam aqui, lêem meia dúzia de baboseiras, encaixam como sendo dirigido a eles e saiem de papo cheio. Só que isto acontece quer eu já não os veja há um mês ou um há ano porque a condição do ego humano absorve sempre que tudo gira à sua volta. Então é assim: já não gosto de ti, nem de ti, muitos menos tenho saudades tuas ou tuas. Tu beijavas terrivelmente mal por isso esquece, e tu... bem digamos que a minha vida sexual teve momentos mais felizes. E não, de ti não gosto muito menos de ti.

Só queria esclarecer isto. Gosto é dele."

E um post destes só pode ter um adjectivo quase olímpico...DIVINO!

quinta-feira, junho 11, 2009

.eu e as coisas fófinhas

Não sei bem como iniciar este post, mas hoje acordei com uma nova convicção. Passo a explicar...

Sabem aquelas fotos encenadas com abelhinhas, malmequerzinhos, borboletinhas, coelhinhos, rosinhas, aboborinhas, ovinhos, nenufarzinhos, girassóizinhos, conchinhas e outras coisas queridinhas acabadas em "inhas" com bébés lá enfiados?

Sim, essas fotos que transformam os bébés em objectos e que geram sorrisos e sentimentos ternurentos nos seres femininos adultos e que me fazem pensar repetidamente e em pânico: coitadinhos daqueles bébés, que serão futuros objectos adultos e, que por essa altura não terão mulheres adultas derretidas à sua volta, pois já não serão abelhinhas, malmequerzinhos, borboletinhas, coelhinhos, rosinhas, aboborinhas, ovinhos, nenufarzinhos, girassóizinhos, conchinhas e outras coisas "inhas".

E depois há o ritual da partilha destas emoções ternurentas com o sexo oposto, que ao ver aquelas coisinhas queridinhas sorriem e dizem: que queridinhos, que me faz rir por dentro em altas gargalhadas. Como é que é possível um ser masculino achar aquilo queridinho? O que se faz por um pedaço de pão...

Portanto, o que eu quero concluir é que há um certo desalinhamento na psicologia do desenvolvimento entre os seres femininos que apreciam os objectos que também são bébés e os seres femininos que não apreciam que os bébés sejam objectos queridinhos. E por favor, seres masculinos, sejam masculinos nos momentos certos.

quarta-feira, junho 10, 2009

.2 minutos e 15 segundos

investi naqueles 2 minutos e 15 segundos.

esse tempo, deu voz àquele meu silêncio reprimido, que acumulara ruído, poluição, tensão, expectativa... por isso, abri os pulmões, criei caixa de ressonância e expressei-me sabendo que, depois desses 2 minutos e 15 segundos, teria o meu mundo do avesso.

conquistei-me. que estranho, mas sim, é isso, conquistei-me.

segunda-feira, junho 01, 2009

.take these sunken eyes and learn to see all your life

Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise

Black bird singing in the dead of night
Take these sunken eyes and learn to see
all your life
you were only waiting for this moment to be free

Blackbird fly, Blackbird fly
Into the light of the dark black night.

Blackbird fly, Blackbird fly
Into the light of the dark black night.

Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise,
You were only waiting for this moment to arise,
You were only waiting for this moment to arise



Black Bird - Maria Joao & Mario Laginha

terça-feira, maio 26, 2009

.distraí-me

prostrada na esplanada de vidro sentei o meu olhar na rocha em frente. ouvi o som cristalino e salgado das ondas e imaginei todos os peixinhos que nadavam ao pé de mim. sorri, como se fizesse parte da brincadeira tola dos cardumes prateados na espuma do mar. não resisti em invejá-los e desejar ser, também, um peixinho de mar a fugir das redes e a deliciar-me com a força das ondas, nadando e fluindo sem fronteiras.

voltei para a esplanada envidraçada, e sacudi o sargaço do ombro, pois vi que estavam a olhar para mim.

quarta-feira, maio 20, 2009

.força centrípeta

O que encontrei...



"Todos os movimentos da sensibilidade, por agradáveis que sejam, são sempre interrupções de um estado, que não sei em que consiste, que é a vida íntima dessa própria sensibilidade. Não só as grandes preocupações, que nos distraem de nós, mas até as pequenas arrelias, perturbam uma quietação a que todos, sem saber, aspiramos.

Vivemos quase sempre fora de nós, e a mesma vida é uma perpétua dispersão. Porém, é para nós que tendemos, como para um centro em torno do qual fazemos, como os planetas, elipses absurdas e distantes." in Livro do Desassossego, Bernardo Soares

terça-feira, maio 19, 2009

.estória na cidade: andante

Sei que não sou a única espectadora, o palco é de muita gente. Gente que se senta no lugar da janela e observa as estórias que viajam durante escassos minutos, mas que nos acompanham até casa e que preenchem, por tempo indeterminado, a imaginação.

Entrou no metro de modo conspícuo, com a roupa cinzenta, a remeter para um estado de alma um pouco enlutado, com o puxo cinzento e as rugas de quem já passou muitas horas ao sol a trabalhar. Ao lado dela, entrou, também, um sujeito quase transparente, encolhido sobre si mesmo, que tapado pelos seus óculos, provavelmente já a precisarem de uma substituição vai há mais de 15 anos, tornou-se disponível para ouvir o que a redonda e curvilínea matriarca tinha para dizer bem alto sobre o passe do metro para reformados. Bem alto, aquela mulher que era de um outro tempo, fazia publicidade ao metro, dizendo que agora ía para todo o lado num instantinho: "Eu agora vou para matosinhos, boavista, s. joão... só não dá para ir pá maia, para gaia... de resto, vou para todo o lado!!! É uma maravilha!!" 

O reformado, transparente e silencioso, acenava com a cabeça, concordando com todas as vantagens que a redonda mulher enumerava bem alto, sem acrescentar nada às suas palavras... 

O metro tinha agora chegado a uma das estações mais cosmopolitas da cidade e, do metro moderno, vejo a sair a mulher anacrónica, com a camisola cinzenta, a saia cinzenta, o avental cinzento, o puxo cinzento, o andar gingão de quem já foi mãe de sete e, a condizer com o metro, nos pés calçava uns crocs amarelos. 

Surpreendida com a conjugação de todos os factores, esbocei um sorriso para mim própria, observando a ironia de todo o episódio. Ao mesmo tempo, entrou uma mulher, geométrica, rural, com um fato de fibra, mal assentado ao corpo, com cabelo preto vivo e penteado de senhora de idade da aldeia, que sem uma ruga ou expressão, tinha uns óculos sem jeito. Senti o desconforto dela enquanto ser feminino, desviei o olhar, para ela não se sentir observada, mas não resisti em decifrar as letras que estavam na pastinha que ela religiosamente carregava: Técnicos Oficiais de Contas. Era contabilista.

Próxima paragem... Carolina Michaelis. Saí.

quarta-feira, maio 13, 2009

.estórias urbanas: as mulheres e as aves canoras

margarida eufémia, vivia no 2º esquerdo do prédio das portadas brancas. saía todos os dias para o trabalho, gingona e bem disposta, a ouvir a canção que um tal de melro lhe cantava frequentemente. embrulhada pelo chilrear, aquecia o peito e cantava um sorriso infinito, que fazia desabrochar todas a flores por que passava.

a sra d. vitória, dona do quiosque lá do bairro, dizia, sempre que via margarida eufémia a passar nesta figura, que o melro que ela ouvia cantar era um bandido e que mais dia menos dia, margarida eufémia iria passar na rua de lágrima no canto do olho, fazendo murchar todas as flores que encontrasse na rua e que o seu coração iria definhar de tristeza... mas margarida, alheia a tudo, continuava na sua nuvem a passear-se pelo bairro, exibindo a sua felicidade, para todos os seus vizinhos, e contagiando a atmosfera circundante...

um dia, margarida saiu do seu prédio, com outro ar, um ar mais decidido, mais assente no chão. A sra d. vitória desconfiou logo... O melro já tinha feito das suas vadiagens... Não resistiu e perguntou a margarida: "Então, guidinha? Como vai o melro?" ao que margarida eufémia respondeu: "melro? eu agora tenho um colibri"

a sra d. vitória pensou para si mesma, que no tempo dela as moças não tinham esta sorte... se ela soubesse o que hoje sabe, se calhar não estaria com o mesmo pardal há 25 anos, sempre gostou mais de piriquitos.

 

domingo, maio 10, 2009

.estória na cidade: esferovite

com os papéis na mão, retraíram-se os músculos no coração e no lugar comum pequeno e asfixiante, enquanto o trânsito aquecia a cidade.

depois, o tempo e a memória criaram a bifurcação volátil do anterior sentir e a única coisa que ficou, foram bolas de sabão.

agora, o horizonte está livre de toda a geometria sinuosa dos velhos edifícios. é tempo de projectar a nova cidade... no esferovite.




sábado, abril 25, 2009

.estórias urbanas

sempre caminhou na rua com a carga do corpo na mala ruidosa, no asfalto negro de chumbo. apenas quando a luz era parca e crua, negra e funda, caminhava ouvindo apenas o ruído das rodas, que eram o chão da sua cabeça e o poço do seu pesar. a cabeça, coberta pelo boné roído pelo tempo, cabisbaixa e obesa de melancolia, seguia em frente, obrigando o corpo a imergir na negritude da cidade.

a luz ao longe nas casas altas e paralelipipédicas e o vento a zumbir a velha canção.

a cidade era a casa.


quarta-feira, abril 15, 2009

.estar só e com sede

chegara a casa de mais uma noite quente e boémia, com pitadas de arejo por um lado e, por outro, um je ne sais quoi de melancolia e despedida. Por isso, nessa noite, enfim, gelei-me com a alegria parva do 1€ por um fino e perdi a conta.

a casa esperava-me só, com as três assoalhadas vazias, o chão de granito polido da entrada frio, o eco da minha presença a reflectir-se nas paredes pastel e a torneira de sede a encher-me o copo de água, repetidamente, para que no dia seguinte, a cabeça não continuasse a andar à roda ou em alta pressão.

concentrada no que pensava e no que havia para sentir, fui interrompida por um som seco e forte atrás de mim. parei e hirta virei-me para trás. novamente, PACK!, olhos esbugalhados, braços junto ao corpo, pescoço para trás, paragem respiratória. tentei identificar com o olhar a origem do som e dividi-me entre o frigorífico e a porta da lavandaria, com janela para o exterior, do lado esquerdo do frigorífico.

será que alguém tinha trepado 4 andares pelo tubo das águas pluviais e entrado pela janela minúscula? ou será que o meu frigorífico tem problemas de coluna e estava a ter uma massagem chinesa feita pelos anõezinhos chineses do líquido congelante?

fiquei estática, com vontade de fugir porta fora, pois, nessa altura tanto me pareceu razoável a teoria do ladrão trepador, como a das massagens do líquido congelante... a única solução para esta chave dicotómica seria abrir a porta da lavandaria de rompante, com o meu fato de super-mulher e, se desse de caras com um ladrão, eliminá-lo com o meu super poder de super-mulher, que seria, talvez, a transmissão em decibéis dolorosos da dolorosa música do andré sardet.

no entanto, não sei se foi da torneira que me encheu de sede, se foi da fraqueza que por vezes se me dá nas pernas, continuei estática, gelada, cheia de medo, a olhar ora para o frigorífico, ora para a porta da lavandaria. não sei quanto tempo assim passei, mas achei que a solução passava por sair da cozinha, fechar a porta da cozinha, fechar a porta do corredor, enfiar-me na cama, com a porta do quarto bem fechada. depois de dormir, saberia lidar ou com o ladrão trepador ou com a fisioterapia do frigorífico.

terça-feira, abril 07, 2009

.salmoura

é ali, ao pé das ondas e das rochas que aqueço a areia, enquanto observo o horizonte melancólico e linear que me separa de mim.

escuto as ondas e apago a distância, enquanto desfio novelos e cores e formas.

é ali, naquele espaço cheio de espaço, que me quero aquecer, enquanto o tempo passa constante e anacrónico de mim.

terça-feira, março 31, 2009

.primavera minimalista

ao primeiro raio de sol, juntaram-se outros fotões, aglutinando-se. reciprocamente atraídos, aumentaram a intensidade do primeiro raio de sol, formando o segundo, o terceiro, o quarto... raios de sol.

olhares tímidos e intencionais.

dizem por aí que chegou a Primavera.

segunda-feira, março 23, 2009

.tu?

sei lá, se calhar não, mas tenho a certeza que sim. amanhã, quem sabe, acho que sim, mas também pode não ser, embora saiba perfeitamente que sim.

está sempre na minha cabeça e o coração quase que sai da boca, mas se calhar isso é das alergias ou da música que está a passar no ipod ou então tenho que ir ao cardiologista, analisar o meu coração numa máquina para chegar mais rapidamente à conclusão de que o coração não deixa de ser só uma máquina que bombeia o sangue.

eu sei porquê, não vale a pena pensar mais nisto, aliás, devia era estar a pensar em coisas mais importantes como a crise financeira, o desemprego, a desigualdade social, mas tu...

quarta-feira, março 18, 2009

.a crise do almoço na escola

Era o intervalo de almoço na Escola EB2,3 de Aldoar, escola essa que abrangia todas as classes sociais possíveis e imaginárias, formando um caldo social que nem sempre era saboroso aos meninos considerados betinhos. Mas à hora de almoço não havia cá conflitos, já estava acordado de antemão, que a translocação geográfica seria para o famoso luky luke, estabelecimento que vendia uma variedade incrível de gomas e que aguçava o apetite a todos os alunos da escola. Durante o percurso, o posicionamento na fila era importante. Quem fosse à frente, era atendido primeiro, sim, isso é óbvio, mas não era só esse o factor importante para o posicionamento... No meio tinham que ir os betinhos, esses é que tinham dinheiro, a gunada ía em filas laterais, tal qual escolta policial, a ameaçar os betinhos que se não tivessem 3 chiclas gorilas, 4 línguas de morango e 5 almofadas, íam ter uma esperinha quando saíssem do luky luke.

À hora de almoço, os donos do luky luke esfregavam as mãos de contentamento por ver tanta clientela a comprar doces que provocam cáries e sobre-excitamento da criançada, já por si inquieta, da Escola EB2,3. E a essa hora, todas as caixinhas de gomas e chiclas ficavam vazias, quem tentasse ir lá depois, era certinho, já não havia nada!

Chegada a escolta do luky luke ao recreio da escola, este enchia-se de meninos com línguas azuis,roxas, de risadas, de gula... e a cantina da escola, com refeições metodicamente calculadas para satisfazer as necessidades nutricionais dos meninos de forma saudável, vazia.

O stôr lucas, presidente do conselho directivo, intrigado com esta situação, iniciou a sua investigação, porque raio andava a cantina vazia e para onde ía aquela romaria de alunos. Ora pois bem, quando descobriu o que o luky luke andava a vender às crianças e que estas saíam da escola, percorrendo caminhos altamente perigosos para a sua segurança, iniciou uma campanha anti luky luke. No dia seguinte todos os professores na aula avisaram: não é permitido sair da escola durante a hora do almoço. Só com autorização prévia dos Pais!

No entanto, chegada a hora do almoço, todos os alunos dirigiram-se para o portão da escola, fechado, para verificar se não havia mesmo escapatória... Não havia mesmo como fugir...!

Rumo à cantina e à comida sem açucar, os alunos cabisbaixos da EB2,3 de Aldoar voltaram à velha rotina que, em comparação com as gomas coloridas, era cinzenta. Almoço com o mocho, o rato, o china e o coveiro a massacrar um betinho qualquer, a saladinha, a sopinha...

O luky luke entretanto fechou, ficou sem negócio.

terça-feira, março 10, 2009

.serviços

eu sempre gostei de tomar café a seguir ao almoço e quando não o posso tomar, ando o dia todo com trombas para o meu chefe.

tudo bem, trabalhar e atender os clientes e fazer crescer o negócio, é a prioridade, e, por isso, às vezes não há tempo para tomar café, mas mais 5 minutinhos, menos 5 minutinhos, é assim tão relevante? vamos mesmo perder algum cliente? eu acho que perdemos muitos mais quando vou para o balcão com a cabeça pesada, porque, cá entre nós, eu sou mestre a conquistar os clientes, mas sem café depois do almoço, tarde de trombas... não consigo vender o meu sorriso.

agora... quando eu tomo café a seguir ao almoço, deviam ver esta loja, cheia de clientes a gastar dinheiro, a ir embora de sorriso na boca. é por isso que eles voltam sempre, eu, no fundo, vendo o meu sorriso...



se ao menos o meu chefe pusesse aqui uma máquina de café...!

segunda-feira, março 09, 2009

.és assim

estou exausta, não porque estive a correr uma maratona ou a trabalhar o dia inteiro, mas porque estive em ensaio do côro.

o cansaço de um ensaio exigente é diferente de todos os outros cansaços e creio que é por implicar uma actividade cerebral e corporal tão complexa, que rebenta com a nossa energia de uma forma muito profunda, em nada semelhante com o cansaço de uma época de exames, de treino físico exigente ou de muitas horas de trabalho.

o cansaço depois de um concerto exigente é quase inebriante, deixa-me desligada mental e fisicamente, trôpega na minha expressão facial que luta, com olhos semi-cerrados e vermelhos, costas curvas e cabeça pesada, por ser agradável para com o meio externo. se deixo que os olhos fechem durante mais do que 10 segundos, a minha cabeça ouve linhas melódicas, harmonias, ritmos, timbres... o corpo sente as vibrações dos decibéis, as frequências dos sons e tudo isso transforma-se em mais cansaço.

música... és assim.

quarta-feira, março 04, 2009

.eu coro tanto

sempre me denunciaram, vermelhas, pouco circunscritas e pouco contidas, as minhas bochechas mostram sempre o que eu sinto.

já fiz várias tentativas para as apagar. uma consistiu na tentativa de desligar as sinapses que ligam o coração às bochechas. quando experimentei, a ansiedade, o esforço e a pressão que senti, fizeram desenvolver em mim o medo de parecer fria e falsa, que por sua vez, e ajudada pela adrenalina, fez com que as minhas bochechas inchassem de vermelho. houve relatos, nesse dia, de um astronauta, que conta que da lua conseguiu ver um ponto vermelho, desconhecido, situado em Portugal.

uma outra tentativa minha, já experimentada mais do que uma vez, foi a de cobrir a minha cara com base e que consistia no seguinte ritual: primeiro hidratava a minha face com cremes, depois aplicava a base. conseguia permanecer com cara de boneca de porcelana durante... 10 minutos, pois mais coisa, menos coisa, as bochechas invadiam o território à maquilhagem espessa e opaca, e o vermelho aparecia com todo o seu vigor, anunciando a sua conquista em território hostil.

também tentei ter o cabelo suficientemente comprido para tapar as bochechas, mas isso implicou vários hematomas, traumatismos e afins, dado que o cabelo cobria também os olhos.

rendi-me a elas e ao que elas me fazem. rendi-me, também ao coração, a cabeça não comanda nada...!

terça-feira, março 03, 2009

.jazz mood

chegou num fim de tarde solarengo, enquanto as flores apanhavam o primeiro sol de Inverno e as nuvens, preguiçosas, ficavam longe. chegou para ficar, intermitente e constante.

os olhos bem fechados, mostraram-me um sentir já conhecido e, enquanto incubava as memórias, o coração tornou-se um dínamo ampliado pela ansiedade...

agora que já esperei, observo calma e silenciosamente a dispersão das sombras e das noites longas.



quinta-feira, fevereiro 19, 2009

.eu e as beatas

cada uma com o seu puxo, daqueles que as mulheres da aldeia costumam usar, a andar de metro, no porto.

não paravam de ter aquela conversa típica de mundo pequeno, em que a vida dos seus filhos é o único tema que conseguem ter e, de preferência, provando que os seus filhos são os melhores do mundo e que vão muito bem na vida, graças a deus, recalcando os filhos das outras amigas, que vão bem, mas não chega a tanto! claro que o discurso moral não podia faltar, como se não houvessem telhados de vidro, discurso esse que as ruborizava e encandescia, tantas eram as vezes que abanavam a mão, como se de um leque se tratasse sempre que mencionavam isto ou aquilo...!

pequeninas, com as pernas a flutuar no metro, hipnotizaram a minha atenção, como se eu estivesse a ver um episódio da minha infância. nessa altura, vi muitas mulheres como aquelas. eram avós ou mães dos meus colegas da escola, mulheres essas que nasceram bem longe do Porto e que para cá vieram à procura de uma vida melhor. tive, inclusivé uma Professora Primária exactamente assim, com aquele puxo, aquela fisionomia e aquela fé católica cega, a D. Rosa, que olhava para mim de lado, porque eu era a filha do Sr Dr e não andava na catequese.

acho que uma vez, a D. Rosa, chamou os meus Pais, numa tentativa de espalhar a fé sobre o meu lar e salvar as nossas almas. o puxo, a fisionomia e o cheiro de beata não os convenceu. 1 ano mais tarde, a D. Rosa deixou de ser Professora lá na Escola. parece que eu e os meus Pais não tínhamos sido os únicos a sofrer a pressão evangelizadora da D. Rosa, Directora da minha Escola Primária, por sinal, pública. lembro-me como foi libertador ter que deixar de fingir que sabia rezar no início de cada aula.

foi um alívio sair do metro e deixar de ter aquelas figurinhas à minha frente, não sei porquê, isso fez-me voltar a sentir exactamente o mesmo que senti quando pude deixar de fingir na minha Escola.

domingo, fevereiro 15, 2009

.eu queria ser mais Músico

Sempre pensei que, para ter um pensamento complexo, este deveria ser holístico, através da união das Artes, da Ciência e da Engenharia. Este espaço-continum permitiria a interacção entre os diversos campos do saber, resultando na possibilidade de me tornar numa pessoa capaz de absorver, analisar e compreender o mundo, o que, em todos os campos da minha vida e na minha interacção com o meu meio, iria reflectir-se positivamente, com certeza.

Em que é que o Tratado de Bolonha me impede de perseguir este meu objectivo pessoal?

As directrizes relativas aos métodos de avaliação universitária deste tratado, implicam um dispêndio de tempo e de energia contínuos ao longo de todo o ano lectivo, impedindo-me a mim e a outros estudantes universitários de conseguir cumprir outros objectivos pessoais, isolando-nos numa bolha académica disfarçada de competente, cumprindo os desígnios da standardização mental e intelectual dos estudantes europeus: hoje em dia, o que diferencia um estudante de Engenharia Mecânica de Portugal de um da Alemanha? A língua-mãe?

Eu estava a frequentar o 5º Grau de Piano e, apesar de ter iniciado o ano lectivo a todo o vapor, finalmente ía atingir este meu objectivo, a minha energia teve que ser absorvida pela quantidade de trabalho que a faculdade me impunha, não restando tempo algum para qualquer outro tipo de actividade e, embora me seja ensinado na faculdade que devemos procurar outros domínios do saber para que sejamos criativos e inovadores na nossa vida profissional, a própria faculdade é que nos retira essa possibilidade. Hoje em dia não posso ser exigente comigo própria, no que diz respeito ao estudo da Música, nem responder à exigência do estudo de piano mais rigoroso e exigente. Sobra-me uma possibilidade: estudar música de modo superficial, ideia que não me satisfaz e que coloca as Escolas, como o Curso de Música Silva Monteiro, desprovidas de alunos ou então preenchidas com alunos frustrados, professores frustrados, gerando desmotivação de ambos os lados do espelho e, no fim, despe-se a nossa já inculta sociedade de diversidade e de conhecimento, elementos estes, que poderiam até, alimentar a tão falada crise financeira de criatividade!

Universidades exigentes, sim, isso orgulha-me, mas o conceito de Universidade vem da junção de duas palavras: conhecimento universal.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

.moving cause

pois é... não acredito na geração espontânea, mas por vezes há projectos que surgem quase de repente e que entram pelas retinas e espalham-se até ao tecido muscular cardíaco.

foi a sara quem me levou a este projecto, agora uma Associação: Moving Cause, que vai também entrar pelas vossas retinas e chegar ao vosso tecido muscular cardíaco, pois vamos promover e difundir projectos de empreendedorismo social e o intercâmbio e a cooperação para o desenvolvimento no âmbito da ciência, da cultura e da tecnologia.

a primeira pedra já foi lançada: bonecas de ataúro. na ilha de ataúro, situada em frente a Díli, isolada e distante, existe uma comunidade. com o objectivo de valorizar e de promover essa mesma comunidade, foi criado o projecto das bonecas de ataúro, mas estando a ilha isolada e distante, como conseguir esse objectivo? depois de muitas horas de trabalho e de contactos, a sara conseguiu trazer as bonecas, que estiveram na Concepta, para divulgar este projecto e para gerar um retorno económico, proveniente da venda das bonecas, revertendo-o a favor da comunidade. o 2º passo será ir até ataúro ensinar as mulheres um pouco de tecnologia e rudimentos de gestão, aproximando ataúro de todos nós (porque não comprar uma boneca online? etc...).

no entanto este é apenas o 1º projecto! mais estarão para vir... e a Moving Cause espera ter sugestões vossas e... já agora... porque não comprarem uma boneca, ahn?

terça-feira, fevereiro 10, 2009

.quero acreditar na astrologia

há dias que parecem ser o resultado do bom alinhamento astrológico e dos chakras e mais não sei o quê. hoje apetece-me acreditar em tudo isso e sentir a espiritualidade do irracional.

viajar noutro sentido, para encontrar a direcção, seguindo os movimentos opostos sentidos pela resistência. tocar uma melodia por cima da sinfonia ruidosa e sentir a tensão harmónica a descontrair. viajar, viajar, viajar! é isso...

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

.comboio

Eram 21h30 da noite em Lisboa e as minhas olheiras carregavam-me até ao comboio. Estas, tinham a convicção de que nas próximas 3horas iriam desaparecer, embaladas pelo ritmo ferroviário.

Ao entrar na minha carruagem eis que vislumbro índios urbanos com as hormonas adolescentes a vibrarem e a expressarem-se a todo o vapor. Não tive remédio senão sentar-me no meu lugar e enfiar o queixo para fora de neura.

Tentei distrair os meus ouvidos com os olhos, lendo compulsivamente um livro que me adormeceu e quando acordei, começou o espectáculo...

- C'a cena, este combóio naum ánda, isto é uma simulaçon... Nós ainda estámos em Sánta Apolónia, naum pensem que estámos a andar! O que nós estámos a bêr são écrãs plasma, cortinas berdes para lembrar a natureza e colunas chinesas!! Paaaashhh!! Estou aqui a perder 3 horas da minha bida numa simulaçon... O que bale é que no fim a REFER bai dizer aqui nos altifalántes que nos bai oferecer uma estadia aqui em lisboua e que temos pastéis de nata grátis no Castelo de S. Jorge, porque lá eles nascem no chão!!

Toda a carruagem ria, chorava a rir, contorcia-se no lugar de dores provenientes do riso compulsivo... E ainda disse mais...:

- ólha os chineses a colarem o cenário... a mudar a plaquinha que dizia Santa Apolónia para Coimbra... ólha que bem que eles colam as luzinhas, jasuuuus...!

Velhinhas a esconder o riso, eu com espasmos de dor a tentar conter aquela gargalhada estridente, os amigos a puxar por ele (não que ele precisasse)...:

- Paaashhh, e qual foi a 1ª frase que eu ouvi de um lisboeta...? Fuooogo! Perguntei onde ficava o parque das nações e o gaijo respondeu-me (a falar com sotaque lisboeta) "Segue em frente cerca de 200m, chega à rotunda e vira 270º à sua direita, segue uns 150m em frente e vira 90º à sua direita..." Fuooogo, o gaijo só podia ser matemático!! Imagina se eu tivesse perguntado o caminho até ao Algarbe!?!!

Já estavam duas carruagens a soltar gargalhadas bem dispostas... e de repente, como quem não quer a coisa, o combóio chegou de facto ao porto e o meu sorriso carregou-me até à minha mãe que me foi buscar à estação.

Devia ter um personagem destes sempre ao meu lado para prevenir os momentos em que as olheiras me carregam o corpo e a disposição... Alguém sabe onde é que posso encontrar um?

sexta-feira, janeiro 30, 2009

.quem me dera saber cantar

tenho uma voz que sai e que debita notas metricamente correctas, dinamicamente correctas.

tenho uma voz correcta que debita apenas notas e dinâmicas e ritmos, que formam melodias de coração apagado e frouxo.

tenho a voz longe do coração e, longe tenho, o coração de quem ouve.

gosto de ouvir quem sabe cantar (quem tem a voz junto ao coração) e, de mansinho, digo para mim mesma...: "quem me dera saber cantar..."

quinta-feira, janeiro 29, 2009

.the education that makes our brain stupid

there is a lazy way of educating the students brain... I'm studying for one hour and I'm already in a bad mood because of it and I tell you why: I'm just reading stuff that it's made for me to memorize it and then forget it, I guess. The studying material has lots of potential to be one of the most interesting things that I've ever studied but instead I'm forcing myself to study it, sighing every 2 minutes, thinking that the grey clouds standing outside could just grab me and take me traveling with the cold and dangerous winter wind.

I try to prevent my brain to play tricks with me. Everything is readible and learnable. I can do it, I know that I can study and forget it after the exam, I know that's what the professors want because they put so little effort on this, I just have to pursue my goal, to read and swallow it and then vomit it in the exam, that's all.

Should I ask for more?

.visita aos arquivos

Fui visitar os meus arquivos e aqui fica o que por lá encontrei...





quarta-feira, janeiro 28, 2009

.small song

Uma vez que ando sem escrever por aqui... limpo o pó aos cantos da casa com uma musiquinha (small song - Lhasa de Sela)!

quarta-feira, janeiro 21, 2009

.quando os dias ainda eram quentes

lembro-me como se fosse ontem, ele entrou na sala de aula com um ar todo gingão e pretensiosamente descontraído, com as asas da camisa com padrão geométrico a balançar sobre a t-shirt branca e a mochila no seu ombro direito. tinha as repas do cabelo a formar um rolo encaracolado e ondulado a apontar para onde a sua cabeça realmente estava e escolheu o seu lugar com a confiança certa de que ali, era mesmo o seu lugar.
imaginei eu, que aquele fulano seria certamente um daqueles que não tem casa, que não quer ter casa e que pensa que a vida seria melhor numa autocaravana. imaginei eu, que aquele fulano vivesse num mundo de banda desenhada, cheio de balões de chamada a divergir do seu cabelo e com o seu coração fechado num muro de cimento armado cheio de graffitis coloridos por fora.
toda esta construção feita pela minha imaginação fez-me rir por dentro, divertiu-me e fez-me pensar...: com aquele é que não me meto!

quinta-feira, janeiro 15, 2009

.já tracei o plano

rio alta e marcadamente para dentro... já descobri o que me vai salvar desta epopeia de exames que me obriga a ter disciplina intelectual, mas que acaba comigo a procrastinar pelo mundo cibernético... acho sempre que vou encontrar um dispositivo secreto num site de uma sociedade secreta, que me irá injectar a matéria que preciso de estudar, directamente para o cérebro e transfomar-me num ser intelectualmente mais completo, sem esforço algum! e quando descobrir essa santa ferramenta, vou-me esforçar por fazer aquelas coisas que estão presas em mim e que não trazem propriamente valor acrescentado à minha sabedoria intelectual, mas que alimentam o meu espírito livre de boa disposição! assim sendo, vou desde já anunciar os meus afazares prioritários:

- rebolar naquele talude verdinho do túnel da entrada na rua 5 de Outubro (sentido AEP-Rot. Boavista).
- pegar na minha lomo e num rolo fotográfico e fotografar cenas de rua.
- traçar um plano de mudança de clima para o nosso país. (chega de clima moderado atlântico, vamos masé pó tropical húmido!).
- conseguir ver um jornal nacional da tvi, para que eu finalmente me deslumbre com a manuela moura guedes a apresentar as notícias. (25 anos de existência e ainda não consegui rebolar no chão da minha sala a rir ao ver notícias... é triste!).
- pensar nas causas reais da fisionomia da face das pessoas importantes da rússia, que passo a explicar porque me intrigam: face com uma forma para o obovada, achatada no cúcurutu, orelhas inseridas num ponto mais acima do que seria de esperar e espetadas tipo abanico, olhos pequenos, em forma de avelã, e afastados, nariz achatado, especialmente adaptado para levar murros, boca em forma de um pequeno segmento de recta que vai do ponto a' para o ponto b' (e dentes inexistentes, pois sempre que abrem a boca, nunca os consegui ver... não devem gostar de usar placas ou de próteses dentárias, suponho...), cabelo fino, loiro-russo (como seria de esperar) tipo o cabelo dos bébés loiritos cá de portugal e etc e tal...
- ver todos os programas do Aleixo na Escola e sugerir aos autores um episódio qualquer. Com isto eu passaria a ser argumentista do aleixo e, quem sabe, a dar voz a uma das personagens....(era um sonho!).
- ir, finalmente, à tasca da badalhoca, que desde os 15 anos que ouço dizer que é onde há as melhores sandes de presunto do porto e, que sempre que pergunto onde é, respondem-me que fica ao pé do colégio do rosário...
- ver uns 10 filmes que tenho na minha lista de espera, alternando entre a comédia e o drama, para que eu diga que foi um dia bipolarmente emocionante!

de momento não me lembro de mais afazeres prioritários, mas manter-vos-ei informados das alterações!


Os objectivos estão traçados, agora falta escrever a minha missão e delinear a estratégia:

As 5 forças competitivas (de Porter):
- produtos subsitutos: NÃO HÁ;
- ameaças à entrada: hmm... falta de tempo devido aos afazeres académicos e inibição social de pôr na prática alguns dos objectivos a que me proponho;
- concorrência: NÃO HÁ;
- poder negocial dos fornecedores: SEM RELEVÂNCIA;
- poder negocial dos clientes: SEM RELEVÊNCIA.

Análise SWOT
- Forças: eu quero, eu quero, eu quero;
- Fraquezas: não posso querer... tenho que fazer outras coisas.
- Oportunidades: disponibilidade afecto-emocional para o efeito.
- Ameaças: realidade académico-social.

Factores críticos de sucesso:
- originalidade, dentro do mercado da procrastinação, na forma como quero procrastinar e independência externa da minha acção procrastinadora, dado que é uma estratégia de mim, para mim e por mim.

Competências centrais:
- preguiça em estudar, elevada competência para a criação de ideias algo estupidas, forte aptência para a procrastinação e forte motivação intrínseca.

Ajustamento:
- Não há!

Vantagem competitiva:
- reprovar nos exames, mas ser muito feliz.

( caí na esparrela... julgava que estava a procrastinar e acabei de usar a matéria de gestão, nem sei bem porquê... mas acho que isto também é estudar. pfff...!)

quarta-feira, janeiro 14, 2009

.a culpa é da crise... bloqueia-me a criatividade!




...tenho um bloqueio criativo e este bloqueio não é para brincadeiras, porque à custa dele ando com um dossier de criatividade a ser entregue no próximo sábado, dia 17, completamente estanque...

já ando a treinar no espelho a minha expressão de cachorrinho mal amado, para que na eventualidade de continuar bloqueada, possa convencer a professora de que a crise que assola o nosso mundo ocidental, também afecta a minha capacidade de trabalho criativo.

como ser criativa em tempo de crise (sim, este meu bloqueio, continuo a dizer, vem da crise)?

- fazer um buraco na areia e enfiar lá a cabeça.
- ver TV geriátrica (leia-se programas da manhã e da tarde).
- ter pena de mim.
- pensar na injustiça de ter que se ser criativo com a pressão de datas marcadas. aposto que o Picasso nunca aceitaria tais condições!
- pensar nas coisas criativas que não têm utilidade para o raio do dossier criativo.
- dizer bem alto: RAIO DO DOSSIER!!!!!!
- escrever mais itens nesta lista, para continuar a ocupar tempo criativo.


...e assim, a ouvir bem alto o tempo a passar, vou ter que fingir que mergulho neste trabalho e produzo, para ser uma boa profissional criativa...!

segunda-feira, janeiro 12, 2009

.how to procrastinate effectively!

Uma vez que quando estudo tenho uma grande necessidade de procrastinar, aqui vão os conselhos que encontrei ao pôr no google: how to procrastinate

O mote é: se querem procrastinar, procrastinem, procrastinem, procrastinem!!!!!!


1: Procrastinate without guilt

Do not beat yourself up for procrastinating. Everybody does it once in a while. It doesn’t make you a lazy bastard or a bad person.

If you leave a task for later, but spend all your time obsessing about the task you’re not doing, it does nothing good for you. So procrastinate without guilt.

2: Procrastinate 100%

Do you know those people who procrastinate from some important task - and all they can talk or think about is the task they’re not doing. Often to the point of obsession!

Don’t. Throw yourself 100% into whatever it is you are doing, whether you’re vacuuming, watching TV, reading, surfing the web or out drinking with your friends. Do it and enjoy it to the max.

3: Choose to procrastinate

Don’t let procrastination sneak up on you, so that you suddenly find that you’re doing something other than you should be. Instead, choose consciously to not work on your current task. Instead of fighting it, say to yourself “I will now procrastinate”.

This way procrastination isn’t something that happens to you, something that you’re powerless to control. As if it ever could be :o) This way you’re in charge and procrastination is a tool you use.

4: Ask yourself why you procrastinate

There can be many good reasons to procrastinate:

Some crucial ideas, notions, thoughts may come to you only when you’re not working on your project.
Effective procrastination recharges your batteries and gives you new energy.
Maybe there’s something else you could be doing instead and procrastinating means you get it done.
Maybe whatever it is you’re supposed to do, turns out to be irrelevant or even a bad idea. Maybe the reason you procrastinated was, that your subconscious knew this before your conscious mind.
Working non-stop means missing out on all of this. When you find yourself procrastinating, ask yourself why. Don’t just accept the traditional answer: “There’s something wrong with me, I’m a bad, lazy person”.

5: Take responsibility for procrastinating

When you choose to procrastinate, make sure to update your deadlines and commitments. Let people know, that your project will not be finished on time and give them a new deadline.

Procrastinate now. I dare you!

Procrastination is not bad in itself. Do it right, and it’s a way to be more efficient and have more fun with what you’re working on.

In fact, I challenge you to procrastinate this very moment. Pick a task that you should be working on right now, but where your heart isn’t really in it. Then, rather than work half-heartedly on this task, procrastinate fully and consciously as described above.

Notice how it changes how you think about your task and what it does for you when you procrastinate 100% and without feelings of guilt.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

.Clandestino

Já que fechei para balanço na minha escrita... Aqui fica um fadinho Deolinda que me acompanha no pseudo-estudo!

quinta-feira, janeiro 08, 2009

.fechado para balanço!






ATÉ BREVE!

.off

consegui premir o botão off. estava com medo disso, de desligar, mas agora que eu sou eu, digo, o sacrifício valeu a colheita.

agora até digo com um sorriso...: é só carregar OFF!

baterias a carregar, sorriso tranquilo nos lábios.

já consigo observar a arquitectura do pensamento e contemplar os nós cerebrais, com um pouco de sarcasmo, porque é para isso que os nós servem, é para mais tarde rirmo-nos deles, se assim não for, acabamos ainda mais emaranhados...acho eu, sei lá, agora que desliguei isto parece-me claro como água.


Vai sempre para aquela mesinha do café. Aquela onde dá para apanhar Sol, enquanto trauteia o livro desse dia e bebe o seu chá quente, quase tão quente como a lã colorida que tanto gosta de vestir durante o Inverno. Diverte-se a si mesma com aquilo que lê e imagina ler e enche o café com o seu sorriso quando o empregado se aproxima para saber o que quer tomar. É engraçado... cora sempre quando repara que é expansiva quando fala, mas não muda, para quê mudar?

quarta-feira, janeiro 07, 2009

.a rádio girafa/elefante

Quando éramos pequenos, eu e o meu primo, vivíamos na mesma casa, embora em andares independentes e os nossos jardins contíguos, estavam separados por um muro que o meu primo logo aprendeu a trepar e, por sua vez, ensinou-me a trepá-lo também. No entanto vivia em nós a obsessão de criar uma passagem (de preferência secreta e alheia aos adultos) entre os nossos jardins, para que pudéssemos aumentar a nossa mobilidade, e porque isso expressava a nossa vontade de derrubar obstáculos entre nós. Vai daí, cada um no seu lado do muro, pegava no seu martelo altamente especializado (provavelmente uma pedra da rua) e começávamos a nossa acção demolidora, naquele ponto, previamente estudado e escolhido, do muro! Debaixo de um calor abafador lá estaria eu, com o meu chapéu de palha com fitinha côr-de-rosa e o meu primo, provavelmente sem chapéu porque isso é coisa de menina, a embater no muro com uma força hercúlea e, à escala temporal de infância, só passados 60 minutos ou mais (o que em escala temporal real deverá corresponder a 10 minutos), é que começaríamos a dar sinais de cansaço. Chegados a esse patamar, eu seria a primeira a pôr de lado o meu martelo ultra-especializado e feito à medida para o efeito e a abrir o goela: Oh Pedroooooo! e lá iria eu trepar o muro e o meu primo de trombas diria: Fogo,oh Inês, assim nunca mais temos a nossa passagem!!! És sempre a mesma coisa!!!

Passados 3 minutos já estaríamos com a mangueira ligada a refrescar-nos do calor e a fazer autênticas batalhas debaixo do oceano turbulento que iriam acabar comigo a fazer fita, porque não tinha a força do meu primo nem a electricidade de rapaz como ele, para este tipo de brincadeiras....

Num destes dias de brincadeira, chega meu pai a casa com um presente: WALKIE-TALKIES!!!!

Eu e o meu primo esbugalhámos os olhos em uníssono, montámos o estaminé e vimos que estes aparelhos altamente sofisticados davam para: enviar mensagens em código morse, ouvir conversas de outras pessoas que comunicavam por frequência rádio, que imediatamente se tornaram suspeitos de crimes e, mais importante de tudo, falarmos os dois.

Traçámos o plano de imediato:
1. temos que descobrir o que os suspeitos de ladroagem estavam a planear.
2. agora é que ninguém nos põe a dormir. enganamos os nossos pais e vamos para a cama, deixamos passar 10 minutos para que pensem que já adormecemos e depois ficamos a noite a falar!! INFALÍVEL!!
3. nome de código: rádio girafa/rádio elefante!!

Ansiosos para que chegasse a hora de ir dormir, lá foi cada um para casa jantar.

21h00...: Inês, prepara-te para ir dormir!
Nem fiz fita, o que deve ter desorientado os meus pais, fui logo lavar dentes, vestir pijama, pôr o walkie-talkie na mesinha de cabeceira, olhar para o despertador cor-de-rosa da minnie, para contar os 10 minutos, deitei-me na cama... E de repente ouço: PIIIII, rrrrrssshhhhhh, crack, crack, rrrrrshhhhhh, PIIIIIIII RÁDIO ELEFANTE, ROGER!! Ao ouvir aquela panóplia sonora... espero eu que nenhum adulto tenha ouvido... e respondi: RÁDIO GIRAFA, OVER!!!

De repente ouço do outro lado a voz da minha tia...:ÁLVARO PEDROOO, QUE VEM A SER ISTOOOO??

Fomos descobertos...

Passados segundos, a minha porta abre-se: INÊS, MAS QUE É ISTO?????

Os dois em uníssono: é a rádio girafa/elefante...!

Tia: Despede-te da tua prima, então e toca a dormir.
Meu Pai: Despede-te do teu primo, então e toca a dormir.

Tia e Meu Pai: DÁ CÁ O WALKIE TALKIE! amanhã dou-te...

No dia seguinte fizémos daqueles telefones com embalagem de iogurte e fio norte. Assim, nunca fomos caços!

terça-feira, janeiro 06, 2009

.sem título

às vezes pesquiso o teu nome na net, para ver se consigo materializar-te, no entanto tu nunca apareces, apenas nomes semelhantes.

às vezes volto a ter umas mãos pequeninas sobre a janela da sala, de onde podia ver o teu carro a chegar, depois de ter feito os deveres da escola, pois sei que nesse tempo tu entravas pela casa dentro trazendo um furacão de riso para mim, com aqueles teatros que já trazias preparados para nós os dois. ficávamos a rir durante horas e horas... e a mãe ficava a olhar para nós, sem entender muito bem porque nos ríamos tanto, mas tu trazía-la para o nosso riso e de repente, a rir, já tínhamos jantado e eu já tinha que ir para a cama, mas amanhã haveria mais...

às vezes sei que nos rimos ao mesmo tempo e que fazemos as mesmas piadas tontas.
sei, também, que amanhã há sempre mais.

.I wish I didn't have the urge to please

In a normal cold february friday night at downtown champaign I would start the warm up at the esquire (that's a local pub, where the local people usually meet to have some beers) drinking some Corona's and eating peanuts with the spanish crowd. I would wait Fabi's phone call and usually I would meet her at Boltini's to have some cocktails, listen to an europeiiiish kind of music and hang out in a more sophisticated environment (kind of........) and then I would probably stop by Blind Pig to have a beer or two and more likely I would end up at Mike and Molly's (the cool pub...) dancing the old school songs with the usual crowd...

One day, while I was in between one of these bars, my phone rang. it was mike with a sad voice: hey Ines? wassup? What r u up to?

Me: well... I'm at Boltini's. Do u wanna come up?
M.: Well I think I'm not in the mood...
Me: Wassup...???
M.: I wasn't accepted in the Paris University program and the thing I want the most is to get out of here and go to paris.
Me: I'm so sorry... But can't you apply for some other time?
M.: Yeah... but I wanted to go right now.
Me: ...hmm... What can I do for you, you want me to come up to your place?
M.: ok!
Me: I'll call you when I'm done with the bars... Bye!

So I drank a few more drinks (and that's what I did the most in downtown Champaign, to drink lots of alcohol) and when I was finally kind of pleased I told mike, that lived two blocks away from the bars that I would stop by his place.

The wind was blowing strong and it was bringing ice crystals with it. I remember it very well... It cut my skin like small razors and my clothes were ice-petrified! Nevertheless I walked to his place... When I got there, I called him. No answer. I called him again, his lights were on. No answer. And the wind kept blowing and bringing those ice blocks to my clothes, to my face but I kept calling... and he kept not answering.

I went home. Late that night I got a sms: I fell asleep. I'm so sorry, seriously!

I didn't apologize and in fact I thought that it was so rude and outrageous that I never spoke to him again. I knew that he probably drank so much and smoked some stuff that made him fall asleep but god damn it, it was damn freezing!

Now he's in Paris and he wants to come here. He'll come and I don't feel confortable to receive him. In fact I'm concerned with the fact that his need of allienation can be somehow inadequate.

But I have to be the nicest person to everybody so his request pushed me into the place I know the best: to be nice and to please!

Suddenly, he's really coming and suddenly I'm feeling so stupid!

segunda-feira, dezembro 29, 2008

.acho que é melhor mudar de fechadura

"Casa roubada, trancas à porta"

Era o que ecoava na cabeça da Sra D. Estefânia, que vivia há mais de 45 anos naquela casa e coisa como esta nunca tinha acontecido.

Tinha perdido o seu marido há 6 meses e tentava pensar no que ele lhe diria numa situação destas, para distrair a sua vulnerabilidade, mas estava encandeada e a sua cabeça rodopiava velozmente à procura de um sentimento tranquilo, de um lugar familiar, de força... mas as pernas ficaram moles, o peito apertou, os olhos fecharam-se e a Sra D. Estefânia caiu ao chão e mergulhou num sonho quente e profundo.

A vizinha de baixo ouviu um estrondo vindo de cima e foi a correr afogueada pelas escadas acima, para ver o que tinha acontecido. Bateu com toda a força à porta da Sra D. Estefânia, a porta não se abria, o coração a 1000, a adrenalina a 200 fê-la bater com tanta força que abriu a porta e deparou-se com a Sra estendida no chão, com um sorriso incandescente. Tentou acordá-la, mas não conseguiu, chamou a ambulância e disseram: "Ela está a dormir....." E a vizinha disse: "Já não a via com este sorriso, desde que o seu marido morreu. Ela bem dizia, quando ficou viúva, que o marido tinha-lhe roubado o coração e que precisava de o trancar!"

sábado, dezembro 27, 2008

.Thanks a Latte

Every day I would wake up around 6.30am. I would be wearing a t-shirt though the thermometers outside would register 14F or even less.

Warmed by the heating of a super powerfull nation's energy, I would wear my warm clothes just before I'd leave home for another day in the lab.

If the wind was still I would go by foot to the lab, running away from the thin layers of ice that dangerously spoted the sidewalks. I would be listening to Sérgio Godinho in my ipod and thinking in the bunch of robotic lab work that I would have to accomplish that day(run markers in the families A619 and CI7, if the PCR's aren't working, I'll have to check the water, that's probably my problem in these last days........).

Mechanically walking I would arrive to the lab that had a tropical environment due to a problem in the lab heating and right after I announced my arrival I would go to Espresso Royale, in the SW corner of Goodwin with Lincoln to have a Tchai Latte.

Right after paying I would be waiting for that corny phrase of the barist: Hey, have a nice day and... Thanks a latte...!

domingo, dezembro 21, 2008

.linha dos sentidos?

PUM!

rugiu no miendro do canal auditivo e, ao chegar ao espaço, propagou-se sob duas formas anti-paralelas: expansão/contracção.

seguindo o caminho da memória, ambas fazem sentido coexistirem, mas é essa dualidade que impede a formulação da solução certa.

vai-se riscando e apagando no caderno todas as tentativas de resolução, quando se chegar à solução, haverão outras memórias, memórias essas que serão densas e menos caducas.


Fecho os olhos enquanto olho para a velocidade da paisagem e quando os sentidos se encontram, o meu coração viaja à velocidade da luz por todos os pontos do Universo que já visitei. Revisitar as estações de onde já parti, sem andar para a frente no tempo, indica o reflexo do que sou, hoje, aqui, e o que, em potencial serei amanhã, ali.
Já ouvi dizer... É simples!

quarta-feira, dezembro 17, 2008

.e quando tudo parecia arder

dores suadas e dormentes bloqueavam o cérebro, desfasadas do espaço que rodeava o corpo doente, frustrado e inerte, que recebendo estímulos tecnológicos virais com teclas, botões e comandos que não comandavam, comandava as sinapses nervosas a tremer e a conduzir o vírus lacrimal ao seu porto. de repente tudo estava em chamas e mais uma vez teria que colher cinzas e, mais uma vez, não tinha espaço, tempo para fazer renascer a fénix tecnológica, autoritária emergir.

a solução era congelar a adrenalina, ligar o modo segurança e esperar, congeminando metodicamente todas as probabilidades de solução.....a processar.....a processar.....

e quando pensava eu que era um sistema isolado e por isso sem impacto no meu meio envolvente, é-me trazida, numa caixa, a solução e, apenas alguns minutos depois, veio até mim mais um remédio miraculoso.

quando tudo parecia arder, vieram os extintores, afogaram as chamas e cinzas, nem vê-las.

apaguei os vírus e sorri com muita força.

obrigada...:)

sexta-feira, dezembro 12, 2008

.a lista banal

o dia espera de mim mais uma epopeia de produtividade e emoções e, com o corpo cansado, os olhos semi-cerrados, a cabeça em hibernação, algo irá agir por mim e corresponder às expectativas de mais um dia, enquanto que eu finjo que descanso. prefiro acreditar que estou a repousar, de mansinho, na ondulação do dia, contrariando a sua ditadura mecânica e cerebral, mas sei que rompendo o limite da minha plasticidade, a minha imaginação volatiliza-se e direcciona-se para o engenho e o trabalho quadrado, geométrico e infinito.

e com isto crio uma lista de saudades banais: estar parada, ouvir, apenas, música, falar das coisas importantes, vêr um muito bom filme, dormir, sentar-me no sofá, contemplar, achar que o tempo dá para tudo, desligar a geometria d cérebro, pensar em cores...

pego na borracha e apago a lista. sei que amanhã ainda a saberei.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

.frio

é mais um dia. frio nos ossos, na pele, no sangue. sempre, sempre frio na côr, na janela, na roupa. e sempre com frio seguem dias e dias e dias com noites longas.

é mais um dia. frio na almofada, no banho quente, na comida. sempre, sempre frio na boca, nos minutos, no pensamento. e sempre com frio seguem os dias de noites longas.

é mais um dia. frio no sonho, na mesinha de cabeceira, na lareira acesa. sempre, sempre frio na ponta dos dedos, nas palavras, no presente. e sempre com frio seguem as noites longas destes dias.

é mais um dia. frio. sempre, sempre frio. e sempre com frio, segue.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

.a crise afecta tudo...!

- Hoje acordei e já não podia dos ossos. Já marquei consulta na caixa, porque se a humidade continua a moer-me os ossos desta maneira, chega o Natal e nem descascar batatas para o bacalhau vou conseguir.
- Ui, tu nem me fales dos ossos, tenho os bicos de papagaio a dar-me conta do juízo. Hoje, nem o almoço consegui botar ao lume, tive que pedir à minha sandrinha que fizesse um arrozinho branco com franguinho assado, que saiu insosso, vê lá...
- Lá em casa não posso ter folga... Se alguma vez eu não puder fazer o almoço, vai toda a gente almoçar fora, de certeza!
- Pois é filha, mas com a crise... Temos que ter mão curta nas despesas...!
- Lá nisso tens razão, mas felizmente lá em casa a crise bateu pouco à porta e ainda nos vamos governando mais ou menos, mas já não compro um bom salmonete, vê lá que está para mais de 15€ o Kg, há uns tempos, isto é uma pouca vergonha!
- Tu nem me fales... É mais crise de estômago do que de finanças!

quinta-feira, dezembro 04, 2008

.SELECT_DELETE_AAH!!

SELECT loucura, irritacao, vício
FROM Trabalho_Emocao
WHERE loucura = (SELECT MAX(loucura) FROM Trabalho_Emocao)
AND irritacao = (SELECT MAX(irritacao) FROM Trabalho_Emocao)
AND vício = (SELECT MAX(vício) FROM Trabalho_Emocao);

RUN (ai, ai, ai.....)

PLIM (aparece janela): MAX (loucura) not measurable, the program may collapse!
PLIIM (aparece janela outra vez): MAX(vício) it's bad for you, you should consider psychological counseling.

DELETE frases_irritantes, clichés
FROM natureza_condescendente ;


RUN command..............................................................................................................................................

Ah.... o silêncio....!!!

terça-feira, dezembro 02, 2008

.natureza imutável

todos os dias esperava pela chegada do meu pai a casa. com ele vinha a fantasia, o teatro, a brincadeira e o abrir da mente. criei o hábito de o ouvir ler mitologia grega de forma tão expressiva, que eu, pequenina, imaginava o olimpo, os deuses e os humanos daquela época com um grau de realismo tão intenso que me fez pensar, quando fui à Acrópole em Atenas, que eu já lá tinha estado...

não sabia, na altura, porque é que aquelas histórias que me fascinavam tanto, também fascinavam o meu pai, mas agora que me lembro delas vejo que afinal aquela fantasia, aquele teatro e aqueles enredos não são assim tão olímpicos, mas sim bem terrenos, facto que me faz pensar que o meu pai sabia que, deste modo, me estava a ensinar a perceber o mundo, pois a natureza do ser humano, essa, é imutável.

"Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam."
in Segue o Teu Destino, Ricardo Reis

segunda-feira, dezembro 01, 2008

.diálogo ecológico

enfim, os olhos ressacados de trabalho, a cabeça a bombar emoções e produtividade e o corpo a retrair-se do tempo ao mesmo tempo que a mente o expande.

de agora em diante, só as onomatopeias fazem sentido na verbalização, porque as palavras, essas, não servem para comunicar.

- gostas de ver o bruno nogueira a imitar a luciana abreu?
- hmm... mmm,mmm!!

e assim espelho as minhas intenções, de modo ruidoso e energeticamente eficiente e atrevo-me a dizer, assim com toda a displicência, que é uma comunicação bem amiga do ambiente, ouvi dizer que os tipos da Greenpeace não falam de outra maneira, não vá a formiga branca autóctone do Burnay desaparecer......

sábado, novembro 29, 2008

.cozinha

o caril ardia enquanto os carros corriam ordeiros para a pressa das compras de natal. o néon de prata cobria os azulejos brancos e frios, enquanto o cantarolar constante de quem não tem pressa, soava fluido e quente. os estômagos roavam com a mesma tónica e o tempo, lento e tranquilo, construía cumplicidades ao som do crepitar do gás e do aroma que enchia o apetite de fome.

essa janta, não fica pronta?

quarta-feira, novembro 26, 2008

.vírus

não sei se também vos acontece, mas sabem aqueles dias em que se acorda com toda a melancolia e tristeza do mundo e, sem saber porquê... apenas se sente aquele bichinho triste e pesado, que nos carrega os olhos de água e sal de 5 em 5 segundos, nos faz fungar sistematicamente e se abate nos ombros moles e fracos, fazendo-nos curvar as costas e a cabeça e sem saber porquê...

são aqueles dias em que o futuro parece que pode ser melhor de um presente que até nem é mau, mas que acorda-me assim de vez em quando, sem saber porquê...

talvez sempre haja o vírus da melancolia e, apesar de todos os retrovirais sofisticados da mente, este, por vezes, tenha força para se manifestar.

daqui a pouco ou, no máximo amanhã, sei que os sintomas desaparecerão, mas agora não.

terça-feira, novembro 25, 2008

.geografia

enquanto nos paralelos assimétricos e pardos passa uma sombra, o musgo colore o cinzento granítico. entre os paralelos, os carreiros de formiguinhas a percorrer os seus habituais caminhos, criam texturas, volumes e dinâmicas e a geometria do meu pé, sobre esta tela urbana, cola-se à paisagem, distraindo o meu olhar durante todo o caminho.

não consegui levantar o olhar até ter pisado uma estrutura metálica, asséptica e rolante do metro, que de imediato descolou-me da cidade e fez-me sentir que até podia estar em Hong Kong, porque aquela superfície que pisava não tinha nada.

quinta-feira, novembro 20, 2008

.pó

1. incapaz de eliminar o pó dos seus móveis, sentava-se sózinha no sofá a viajar. visitava aquilo que pensava ter visitado e quando desembarcava de novo no seu sofá, o seu olhar caía para o pó que tinha limpo. com persistência voltava a limpar e, com a mesma persistência, verificava se as janelas estavam bem fechadas, mas... mal acabava de limpar o pó voltava!


2. sempre achou que o excesso de bibelots na decoração de sua casa é que faziam com que o pó por centímetro quadrado fosse tão grande. via a pobre coitada da mulher a limpar vezes consecutivas a casa, no entanto isso irritava-o, pois quando queria ser engolido pelo sofá depois de um dia de trabalho, ouvia e sentia o pano a passar pelas curvas dos móveis e pelas curvas dos bibelots de forma sistemática e obesa. pedia ajuda a Deus para que a sua boca não fosse grande e ao mesmo tempo desejava que aquele pó deixasse de cair ou então que os bibelots caíssem.

3. os bibelots caíram. o pó ficou.

quarta-feira, novembro 19, 2008

.fisiologia/filosofia da mente

Dostoiévski afirmou que quanto mais perspicaz e afiada for a nossa consciência, mais doentio e infeliz será o indivíduo que a possui.



E. Cioran (filósofo franco-húngaro) defendeu que a insónia é o resultado de uma consciência que explora, até ao limite, as suas dúvidas metafísicas.


É Hipertrofia da Consciência ou falta de seratonina?



É depois de dormir que exploro e absorvo o universo que me rodeia, é ao sonhar que o organizo, para que no dia seguinte possa voltar a absorver eficazmente todas as partículas que tento rodear. Todos os dias tento explorar toda a minha consciência, afiando-a, sendo isso parte do meu divertimento e parte do meu contentamento. À noite, durmo saciada todos os minutos que tenho e quando o despertador toca, prolongo a minha estadia entre os 2 mundos...

Repugno a ideia de que quem é insaciado e gosta de explorar as suas dúvidas metafísicas tem que ser obrigatoriamente um indivíduo infeliz e sem horas de sono. Esse cliché perigoso, atrai, inclusivé, pessoas que apenas são doentes e infelizes a um estatuto que deveras não têm. Se se cresce a exercitar o cérebro, é normal que esse exercício o conduza para os lugares a que foi treinado a ir, desafiando-o constantemente, sendo isso independente do estado emocional. Acho que todos nós conhecemos isso: estímulo.

terça-feira, novembro 18, 2008

.criativismo

Apesar da obscuridade económico-financeira que se reflecte num largo espelho social, as grandes escolas capitalistas, imperialistas e outras palavras importantes acabadas em "istas", querem esconder o reflexo ou, prefiro eu pensar, reverter a situação (o que de facto seria muito bom que acontecesse...).

Uma das soluções está no "alimentar" do bichinho criador que existe potencialmente dentro de cada um de nós, promovendo a multi-culturalidade, a integração de todos os colaboradores na geração de novas ideias e um esbatimento da hierarquia dentro das organizações.

Com toda esta horizontalidade e Sol brilhante dentro das organizações, a geração de ideias inovadoras por segundo é de facto fluida e múltipla o que, do ponto de vista do consumidor, pode criar novas ansiedades........

Ora vejamos o exemplo dos detergentes para a roupa... Actualmente, se eu quero comprar apenas UM detergente para a roupa deparo-me com o seguinte cenário: tenho detergente para roupa de côr, para roupa branca e para roupa preta. Decido-me por uma destas categorias e agora tenho que escolher qual dos aromas irei levar, pensando ao mesmo tempo que ao levar o detergente para roupa de côr, vou ficar com a roupa branca fluorescente e a roupa preta a tender para o verde azeitona. Com este complexo de culpa a martelar numa zona qualquer do cérebro, tenho agora que decidir se quero alfazema, alfazema silvestre, alfazema campestre, alfazema da cidade, alfazema do mar, alfazema da colina.... e ao percorrer todos estes aromas, forço o meu nariz a denunciar-me as diferenças e a ditar-me qual gosto mais, apesar de não notar diferença e do meu estado de oxigenação cerebral já se encontrar fortemente debilitada. No entanto, não me deixo vencer e escolho o alfazema do mar, que é para ver se ao menos o cheirinho poderá fazer-me retomar às minhas memórias de Verão...! Com o repique do sentimento de culpa para com a minha roupa branca e roupa preta, lá levo o detergente para roupa de côr (para também lavar a roupa branca e a roupa preta) com uma intoxicação e falta de oxigénio no cérebro. Juntando-se a estas variáveis, a ansiedade desta compra faz-me desejar não ter que voltar a esta decisão até um futuro bem distante.......

Porque perdi eu tempo com estes parágrafos...? Ora bem... se a criatividade nas organizações for alimentada, para que mais produtos inovadores estejam disponíveis, eu prevejo uma catástrofe pessoal em relação à tomada de decisão de compra de detergentes para a roupa, porque se inventarem mais categorias de produto, mais aromas e formas (pó, líquido) e lembrarem-se de desenhar novas embalagens, eu creio que há duas fortes possibilidades de acontecimentos: uma é eu ir à bancarrota por ter que levar toooodos os detergentes para a roupa que existem que é para não ter que lidar com esta ansiedade ou, então, voltar ao tempo do sabão macaco e lavar a roupa à mão, que por ser um pouco exigente, me poderá levar a não querer lavar roupa e a usar roupas descartáveis de hospital, o que, certamente, não iria favorecer a minha condição neste mundo, mas......

já não tinha que voltar a passar por aquilo.... ufff...!!!!!!!

sábado, novembro 08, 2008

.dúvida xpto

um braço atrapalhado noutro braço e o passado a fazer sombra no presente, queimando a vontade do à vontade.

entrelaçado o palpitar e a fuga, sempre racional, sempre emotiva, e, sempre, a música antiga de fundo, a despejar os medos, na novidade.

uma pausa com silêncio a menos no devir. e a tempo, a curiosidade a fazer ignição.

a curiosidade mata?

segunda-feira, novembro 03, 2008

.arquivo de sentimentos

quando me questionam porque não escrevo com mais frequência, fico sempre um pouco constrangida... Eu própria acho que devia escrever mais...


...mas!


tenho em mim um sistema de memórias que se vão arquivando. a essas memórias tenho associados sentimentos vários: nebulosa sentimental! Para poder exprimir aquilo que tenho em potencial, preciso de tempo para catalogar a minha panóplia emocional, para depois me entregar a nem sei bem o quê, que me faz querer vir até aqui despejar nem sei bem porquê...

não é a melancolia, a saudade, o vírus do fado, a má sorte, o mau olhado, a fuga, o medo, o silêncio, a dor, o eterno "ai"... isso é que não é...!!!

talvez seja hipo-criatividade na escrita.
ou... hiper-criatividade na ausência de...!

"Toda a Paisagem não está em parte nenhuma." Bernardo Soares in Livro do Desassossego

quarta-feira, outubro 15, 2008

.ficções urbanas

no canto a fumar estava aquele fulano... aquele que segue a corrente abstractoactivista. diz que em breve será criado um botão mental que fará com que todas as pessoas sejam capazes de ver o mundo de forma abstracta e que isso irá tornar as pessoas mais activistas a nível economico-sócio-cultural-bio-energético.

a meio da sala, creio que vi o óculinhos, aquele que está sempre com a cabeça caída e com o olhar no chão. esse, acho que é daquele movimento... o rústico-liberal-tribal. acredita que as comunidades devem ser recolectoras e que as metrópoles são a metáfora do subdesenvolvimento e da negação das origens. ele diz que ouve o coração da terra a bater e que pode reinventar o fogo, a roda e criar um loft numa gruta. enquanto isso, vive num prédio e anda sempre à rasca de dinheiro para gasolina.


à varanda, estava aquele casal de engenheiros que olhava com desdém para o abstractoactivista e para o do movimento rústico-liberal-tribal. afinal de contas eles estão formatados para gerar e conceber cenas e coisas que representam o apogeu do desenvolvimento científico-intelectual da sociedade actual, vivendo na realidade e oferecendo soluções nesse contexto. estão a planear ir ao cambodja.


no sofá, estava a vegetariana, com o olhar fixo nos rissóis de carne que estavam pousados na mesa em frente. o seu olhar de desejo afastava-se das suas palavras de ordem. disse mais de 20x que não é justo comer carne, porque os animais, estão à partida, numa posição inferior ao Ser Humano e que a palidez da sua cara era genética, já a Bisavó Carminho era assim.

quarta-feira, setembro 03, 2008

.anacronia

uma velha estremunhada bate com a bengala trôpega no chão paralelo, enquanto desfoca e foca o olhar para a veloz paisagem que corre à sua volta. Olha para os ponteiros do seu relógio e não compreende como é que o tempo que a envolve passa mais depressa do que o seu tempo - Talvez seja por causa dos computadores! - Pensa ela.

domingo, agosto 31, 2008

.mosquito vs eu

com as costas já curvadas, os olhos pesados e os pés arrastados, deitei-me na cama ansiosa pelo sono. este não vinha, apesar do cansaço, por isso peguei n' O Mistério da Estrada de Sintra e, após página e meia, o livro adormeceu-me calma e discretamente.

um zumbido contínuo e próximo entrou de rompante no meu sonho e o meu corpo, imediatamente, retraiu-se. no entanto, o zumbido tornou-se tão constante e presente que materializou-se: dei por mim a abrir os olhos, a encolher-me e a enrolar-me nos lençóis com toda a força, com o medo daquele zzZZZzz que voava à minha volta, tal qual ave de rapina esfomeada e ansiosa. eu, que tinha pelo menos cem vezes mais o tamanho do mosquito, em vez de enfrentá-lo e persegui-lo, fui-me encolhendo cada vez mais e mergulhando, em apneia, nos lençóis, autênticas muralhas do meu castelo, enquanto o meu predador continuava a pairar e a zumbir em torno de mim, com toda a confiança insecta. fosse eu uma pastilha de ezzalo ou o insecticida Dum Dum, e era bem mais corajosa e vencedora nesta luta.

o estado de apneia e de retracção muscular da adrenalina não estava a ajudar-me a lidar com o meu inimigo mosquito, mas o meu cérebro ao fazer 1000 permutações por segundo, encontrou uma solução diplomática. criei uma Suíça neutra no meu quarto ao acender o candeeiro: mosquito hipnotizado e silencioso, inês a dormir... ZZZzzzzZZZZZzzzzZZZZZ

quarta-feira, junho 18, 2008

.é a inflação

ele e eu no balancé redondo e encrespado.

a força centrípeta anulou-se, a centrifuga igualou a unidade.
os dois caídos no chão, aos bocados.



trombose emocional!!

"- O que tens?
- Ahn?
- O que tens?
- É a inflação."

domingo, junho 15, 2008

.não sei

Não sei de nada nem de tudo um pouco. Sei que estou aqui sentada a escrever por que alguém (de quem eu gosto muito) pede por mais, aqui, no lugar de busca da minha terra do nunca.

Pensei que o melhor era escrever sobre a minha ausência de escrita.

Dissequei um pouco o meu corpo e senti o que o meu corpo sente, como se dele estivesse ausente, e, permiti-me por escassos instantes, observar-me de perto e de longe.

O que eu mais quero, é não sentir.

Desliguei-me automaticamente e, esfregando as mãos suadas na malha da ganga, o bater do coração ressoava rítmico e forte no espaço que tenho vindo a construir para o nada.

O nada confortável e pragmático, espaçoso e branco, luminoso e solitário que me deixa não sentir.

O nada tornou-se a minha recompensa e eu não quero abdicar dele hoje ou amanhã.



Escrever obriga-me a analisar, a sentir, a exercitar as emoções, a criar dinâmicas, a preencher os espaços, a explorar, a questionar........ Mas hoje ou amanhã, não sei escrever, não sei sentir, quero continuar em direcção ao meu ponto de fuga e evoluir aparalelamente do meu passado e, talvez quando já estiver cansada, sairei do nada com espaço para tudo.

"O peso de sentir. O peso de ter que sentir."
in Livro do Desassossego de Bernardo Soares

terça-feira, abril 15, 2008

.cenários urbanos

um café envelhecido, preenchido com minúsculas mesas redondas e com minúsculas cadeiras redondas, iluminado com uma luz ténue e cinzenta, criadora de silhuetas esguias a quem observa a contra-luz. um forte aroma a café e o ruído do moínho da máquina expresso sempre a berrar.

atrás do balcão, um homem calvo, de bigode queimado nas pontas, barriga proeminente, ar rigoroso e sério, observa o seu estabelecimento e os seus empregados, tal qual uma ave de rapina cansada. encostado ao balcão, o empregado do café com o tabuleiro redondo debaixo do braço, a mão direita na algibeira a agitar os trocos, um olhar atrevido e um sorriso menos contido, para as meninas que entram e saem do café, e a cabeça, algures, entre as gotículas que formam as nuvens.

na mesa do canto direito, a senhora de cabelo loiro pintado e armado. os lábios rosa escuro, os olhos maquilhados e carregados, a pele brilhante e excedentária, as unhas arranjadas e pintadas de rosa adamascado e indumentária a condizer. olhar septagenário, concentrado no passado, costas curvas, por causa das memórias, e mãos trémulas, por saber o que todos os dias a espera.

a meio da sala, sisudo, grave, austero, de olhar introspectivo e inteligente, observa o fumo do seu cigarro, para se distrair de si próprio, o Sr Dr, que admira os jovens rapazes que entram no café, por detrás das lentes baças dos seus óculos geométricos. cruza e descruza as pernas, sempre que se entusiasma na sua observação. é sempre o último a ir ter com a mulher com quem casou.


quinta-feira, abril 03, 2008

.cús diabos!

petas, petas, petas com gargalhada 1 (do diafragma), gargalhada 2 (da vesícula biliar), gargalhada 3 (do cérebro). depois vem o sorriso 1 (simpático), sorriso 2 (condescendente), sorriso 3 (vê lá se te despachas).


acaba a sessão das petas e ao entrar no café, com o sorriso 1, solto uma gargalhada 2 e peço um bola de berlim.







eu queria uma água.

terça-feira, abril 01, 2008

.todos os dias

"venha, venha, chegue à frente... não, mais um bocadinho, pode ir para trás...! está bom"

desligo o motor irritada com os faróis secos do ressacado, que observam obsessivamente os meus gestos. estes, a ele ditam se vai amealhar mais uns trocados para o seu pão e água. pão e água esses, que sugam todas suas células e secam o seu espírito de desejo.

tal qual um cão de rua, a rodear um saco de lixo que ficou esquecido há 6 dias no beco mais podre da cidade e que espera por lá encontrar, ao menos um osso, um osso que ainda cheire a carne. aquele mesmo cão que provoca a sensação de repugnância e pena em simultâneo, mas que, inevitavelmente, enxotamos para bem longe.

e assim, eu desejo enxotá-lo para não cheirá-lo, para não olhá-lo, para esquecê-lo... e não dou uns trocados para o seu pão e água. e fujo com medo.

sábado, março 08, 2008

.fisioterapia não

já pensei em montar um negócio onde pudesse ganhar dinheiro à séria, que me desse a possibilidade de usar mais de 3 anéis em cada mão, 7 pulseiras cintilantes em cada pulso, carteiras brilhantes e visualmente complexas, botas de cano alto bicudas e com um salto de uns estontiantes 25cm, maquilhagem na cara com uma espessura mínima de 0,5mm, perfume de forte personalidade enjoativa, cabelo longo loiro com raízes pretas, um telemóvel assinado por uma marca de alta costura e um carro de alta cilindrada coupé.

ao construir-me neste cenário de sucesso cosmopolita, imediatamente apercebi-me que os 3 anéis em cada mão, mais as 7 pulseiras cintilantes em cada pulso provavelmente iriam provocar uma tendinite muito grave nos meus dedos e pulso, exigindo meses e meses de fisioterapia intensiva num centro de fisioterapia cheio de velhotas empenadas e de fisioterapeutas aborrecidos. as carteiras brilhantes e visualmente complexas provocariam acidentes de viação ao encandear os condutores e ao entreter visualmente os mesmos. esses acidentes levariam os condutores a ter que fazer fisioterapia, numa clínica que teria velhotas empenadas e fisioterapeutas aborrecidos. as botas de cano alto bicudas e com um salto de 25 cm iriam fazer nascer um anexo nos meus pés (os tais dos joanetes) e provavelmente fazer com que a circulação sanguínea nas minhas pernas ficasse estanque e para contrariar isso, teria que voltar à fisioterapia numa clínica com velhotas empenadas e fisioterapeutas aborrecidos. a maquilhagem de 0.5cm de espessura iria contribuir para o aumento da poluição atmosférica do planeta e para o aumento da incidência de alergias. o perfume de forte personalidade enjoativa, tal como a descrição o indica, iria enjoar. o cabelo longo loiro com raízes pretas provocar-me-ia uma queda de cabelo precoce. o telemóvel assinado por uma marca de alta costura iria atrair um ladrão armado com uma arma de fogo que assaltar-me-ia e fugiria com o meu carro de alta cilindrada coupé comprado a leasing. eu, atrapalhada com os meus longos cabelo loiros com raízes pretas, encandear-me-ia com a minha carteira, tropeçaria nos bicos dos meus sapatos, cairia no chão, partindo a minha clavícula e lesionando o meu tornozelo, tendo que voltar para a clínica de fisioterapia com as mesmas velhotas empenadas e os mesmos fisioterapeutas aborrecidos.

ai... até fiquei cansada só de imaginar, acho que vou-me ficar pela pobreza de espírito.

segunda-feira, março 03, 2008

.extraordinary machine

(Since I came back from the US my brain works in both languages:Portuguese and English. Today I'm 100% in English mode)

Today while watching some fiona apple interviews on youtube, as I'm a huge fan of her since 1999, I saw a very exotic and artist-like songwriter and singer, full of unsecurities and with a lack in social skills... But then she said...

"I'm an extraordinary machine because no matter what I'll make the most of it..."

So, enough of this cheap talk and listen to the extraordinary machine by CLICKING HERE.

Enjoy it...:)

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

.o futuro decidi ao não decidir...ao congelar

Foi a Sara quem me apresentou o Jorge e quem, desde logo, me chamou a atenção para as letras da música dele.


Devo confessar que de início estava com aquele sorriso simpático e a pensar: "como é que a Sara gosta disto???"

Comecei a prestar mais atenção... e agora canto e digo o que ele tem para dizer enquanto o faço.

Carreguem AQUI para ver um vídeo do Jorge Cruz. Ou AQUI para irem ao myspace dele.

Amanhã ele vai actuar às 23h, no Contagiarte!

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

.cacofonia cerebral

Tenho dificuldades em orientar-me, creio que é por causa do campo magnético do meu corpo. Eu sempre achei que tinha um electrão a mais no calcanhar, relativamente à hipófise e, por isso, sempre que pego numa bússola, o meu Norte Magnético entra em conflito com o Norte Magnético da Terra, gerando um conflito de posicionamento na agulha. Esta fica a rodopiar sem parar nos dois sentidos: orientação nula. Se eu ao menos acreditasse naquela coisa do alinhamento dos chakras, possivelmente a esta hora já os tinha alinhado e, se calhar, o maldito electrão do calcanhar já teria saltado fora. Não consigo ser espiritual, pensar que posso levitar, viver das ervinhas... deve ser por isso que não tenho Norte e que a minha frequência (tipo a da rádio) espiritual não permite alcançar o diálogo magnético do campo de orientação, restando, por isso, a minha deambulação terrena, tal qual um animal simples, básico, instintivo...

Pensei em pedir aconselhamento a quem, de facto, tem a frequência (tipo a da rádio) espiritual, que entra em diálogo magnético com o campo de orientação, mas pareceu-me que os chakras dessa pessoa entravam em choque com o meu desalinhamento "chakral" e, por isso, essa pessoa que estava num patamar acima do meu,não conseguia permanecer perto de mim. Tinha que ser mais espiritual, pensar que posso levitar, comer ervinhas, deixar de ser um animal simples, básico e instintivo e tornar-me num bibelot espiritual (digo bibelot porque esta conversa faz-me sempre lembrar os budas bibelot que aparecem recorrentemente na decoração de muitos lares).

Se calhar vou começar a comprar incenso...

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

.eureka, ufa, que alívio

nunca compreendi muito bem a minha natureza e muita dessa incompreensão traduziu-se, muitas vezes, em desapontamento comigo mesma, numa resma de lamentações e de raiva, num ciclo quase masoquista de intolerância contra mim. o meu (pequeno) percurso tem sido intenso e isso não é mais do que produto da dor a que me exponho, procuro e encontro sempre. é esta a tónica na minha vida.

hoje consegui ver esta geometria mental através de um novo vértice, ao ler uma daquelas frases batidas e enfadonhas, mas que, pelos vistos, existem por alguma razão (nunca gostei dessas razões, parecem-me sempre muito vulgares e desinteressantes também): "sem a dor não se transpõem fronteiras"

"Por caminhos só rectos, não sei ir.
Nos ínvios por que vou, não sei ficar.
Suspenso do passado e do porvir,
Venho e vou!, venho e vou!, não sei parar." - José Régio

sábado, fevereiro 16, 2008

it's business time...!

Ora bem, ontem recebi uma sms do Zeph Ethilico que reportava uma missão que eu tinha que cumprir... Pois é... Cumpri a missão: abri o youtube e procurei pelos Flight of the Conchords!

Carreguem AQUI e vejam este vídeo e, depois, continuem a ver mais e mais e maiiiis!!

domingo, fevereiro 10, 2008

escrutinio obliquo.

dissolvo o açúcar no café. sei que estou numa prova contra mim mesma. não perco a concentração da minha colher de plástico que raspa no copo de plástico que por sua vez permite a condução da temperatura para as minhas mãos que ardem de nervos, de calor, de atrapalhação. foco o olhar para os pormenores da parede branca em frente e reparo que colónias de musgo distribuídas ao acaso preenchem-na. talvez isso indique que aquela parede esteja virada para Norte e explique os recorrentes arrepios de frio que sinto enquanto me concentro no copinho de plástico, na colherzinha de plástico e na sua fragilidade enquanto formas descartáveis e perenidade enquanto material. aglutino-me nesta ideia, fecho as válvulas, os olhos, mergulho e venho à superfície segundos depois. senti aquilo, mas desliguei logo.

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

depois da automação.

as pregas da saia sem vincos, o cabelo em ninhos de andorinha, os pés com aqueles sapatinhos azuis ortopédicos que entortam mais os pés e as mãos cheias de tinta das canetas de filtro a conduzir por entre o trânsito, perto das nuvens, a desenhar constelações, (o carro de trás não pára de buzinar) a apanhar com o pó dos cometas, a sentir o vento solar, a rebolar nas dunas, a mergulhar numa seara, a comer um gelado de chocolate (porra, o carro de trás está-se a passar!!), a descer de bicicleta aquelas escadas perto da escola, a nadar 2 horas, a vestir a camisola nova, a cantar alto com as amigas no meio de uma serra (será que o carro de trás podia parar de buzinar????), a sonhar, a sonhar, a sonhar... (tantos carros a passar à frente... parecem zangados!)

domingo, fevereiro 03, 2008

lamúrias sem álcool

os olhos inchados e curvos, a boca retraída e tensa, olhar vago em algo simples e lamúrias no canto da boca. o corpo inchado com frio, o pulso negro, a má circulação dos membros, a falta de sorte na inércia, a incapacidade que deus lhe deu, a gripe, o quarto desarrumado, a lamúria da lamúria, circunscrita, delineada, ridícula e obesa. pobre lamúria, pobre lamúria! tendões desajustados, coração sincopado, cama pesada, nefrídeos disfuncionais, esfíncteres obsoletos, azia crónica depois do café, fome depois de comer e no canto da boca, sempre ali no canto da boca, lamúrias que caiem dentro da gola da camisola de polyester que comprou em saldo há 4 anos numa boutique em liquidação de stock.

"Isto assim não pode ser...
Mas como achar um remédio?
-pra acabar este intermedio
Lembrei-me de enlouquecer" Mário de Sá-Carneiro

sábado, novembro 24, 2007

.interruptor geometrico

Linhas rectas paralelas (não coincidentes) interceptam o pó das estrelas | Função: criação do sonho |

Formas isolaterais criam sistemas isolados de raciocínio.

Ângulos vários flexibilizam a rota segmentada entre a geometria das formas.


Interruptor cérebro/coração = Geometria Cerebral

quinta-feira, novembro 15, 2007

vizinhofobia!!!

Tiraram-me a identidade, hoje sei que eu já não sou a Inês. Sou o raio da vizinha do 4º esquerdo que toca piano.

Consciente da minha condição, o anterior estado de plenitude e de prazer enquanto estudava piano com afinco, transformou-se em pânico, suores frios, mãos trémulas e desarranjos intestinais.

Ocupo um espaço acústico altamente perturbador para o 3º esquerdo, que faz com que os seus ocupantes não consigam descansar, dormir e até viver com qualidade.

Eu, o raio da vizinha do 4º esquerdo que toca piano durante 2 horas ao fim da tarde, estou a mais nas orelhas do 3º esquerdo e nada posso fazer.

Vou continuar a tocar mergulhada no pânico, no suor frio, nas mãos trémulas, nos desarranjos intestinais, criando as condições terceiro-mundistas para os meus pobres vizinhos do 3º esquerdo que muito sofrem e padecem com a sua condição.

Num mundo ideal, imagino os meus vizinhos do 3º esquerdo a tocarem à minha porta com um bouquet de rosas a agradecer e a enaltecer a pianista que sou. Eu, corada e tímida, aceitaria as flores e agradecer-lhes-ía a amabilidade e o reconhecimento e retribuiria com o meu virtuosismo musical, que ainda não possuo, daqui a uns anos...

Alguém está a bater à minha porta... são eles... ouvem-me a teclar no computador e não conseguem concentrar-se no refogado...!!

terça-feira, setembro 18, 2007

.ponto

entre uma janela amarela e um balcão tosco, corriam à pressa olhares desentendidos e palavras silenciosas. a janela, pouco iluminada, era um ponto de fuga e todos os outros pontos fugiam deles mesmos.




explosão e implusão de pontos... de vista.